O clássico do colombiano Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão, enfim é lançado nas telas. A obra chega à Netflix nesta quarta-feira (11), dividida em 16 episódios e apresentada em duas partes.
A adaptação audiovisual, conduzida pelos diretores Alex García López, de Narcos, e Laura Mora, de Os Reis do Mundo, conta com a produção executiva de Gonzalo García Barcha e Rodrigo García, filhos do autor.
Pela primeira vez, a família de Márquez autorizou a transposição do livro para as telas, algo a que o próprio escritor resistiu em vida. O desafio será capturar a essência do realismo mágico que consagrou a obra-prima de García Márquez.
Cem Anos de Solidão: do livro à série
Publicado em 1967, o romance acompanha sete gerações da família Buendía na fictícia cidade de Macondo. Em suas 362 páginas, a obra combina eventos sobrenaturais, dramas humanos e simbolismos que refletem a história e os dilemas da América Latina.
Com uma narrativa inovadora para a época e um tom que alterna entre o poético e o real, a obra se tornou um marco do realismo mágico e um fenômeno literário global.
Traduzido para mais de 35 idiomas e com mais de 50 milhões de cópias vendidas, o livro consolidou Márquez como um dos maiores escritores do século 20.
A obra é considerada o segundo maior romance da língua espanhola, atrás apenas de Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
Livro que desafia adaptação para série
A complexidade narrativa de Cem Anos de Solidão sempre foi considerada um obstáculo para adaptações. Com saltos temporais, personagens recorrentes e uma estrutura não linear, o romance é um desafio para roteiristas e diretores.
A série da Netflix opta por uma abordagem cronológica, permitindo que o público acompanhe a história de forma mais fluida, desde a fundação de Macondo por José Arcadio e Úrsula Iguarán até os eventos finais da saga.
O uso de um narrador onisciente, recurso que remete à prosa de Márquez, busca preservar o tom literário da obra, conectando os elementos simbólicos que escapam ao audiovisual.
“O narrador vai para onde as imagens não conseguem chegar, mas a literatura consegue”, disse María Camila Arias, consultora de roteiro da série.
Resistência à adaptação
Durante a vida, Gabriel García Márquez foi categórico em sua resistência a adaptações de sua obra para cinema ou TV. O escritor acreditava que o poder das palavras era insubstituível e temia que a essência de Cem Anos de Solidão se perdesse na transposição para outro meio.
Após sua morte, a família do autor começou a considerar a ideia. Para isso, era preciso que fossem respeitadas as condições estabelecidas por Gabo: a produção deveria ser em espanhol e filmada na Colômbia.
Rodrigo García, produtor da série e filho do escritor, destacou em entrevistas que o seriado é um esforço para honrar o legado de seu pai e apresentar Macondo a uma nova geração de leitores e espectadores.
O Gabo
Gabriel García Márquez, ou Gabo, como era chamado, nasceu em 1927, na pequena cidade de Aracataca, na Colômbia. Inspirado pela oralidade das histórias contadas por seus avós, o escritor criou um estilo único.
Nele, mescla fatos históricos com elementos sobrenaturais, estabelecendo o realismo mágico como uma das vertentes da literatura mundial.
Em Cem Anos de Solidão, Gabo apresenta personagens que desafiam a lógica, como Remedios, a Bela, que ascende ao céu em plena luz do dia, e José Arcadio Buendía, que conversa com fantasmas.
A convivência harmônica entre o fantástico e o cotidiano reflete as contradições e os encantos da América Latina, região que o escritor transformou em protagonista de sua literatura. Gabo faleceu no dia 17 de abril de 2014, aos 84 anos.
Onde assistir a Cem Anos de Solidão?
- Título: Cem Anos de Solidão
- Ano: 2024
- Onde assistir? Netflix