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Geraldo Rodrigues Neto, um dos mais premiados publicitários brasileiros, morreu na última segunda-feira (3), aos 71 anos. Porto-alegrense, teve uma trajetória marcada pela criatividade, que renderam a ele mais de 120 prêmios, entre eles um Leão de Ouro no Festival de Cannes.
Ao longo da carreira, foi redator, diretor de criação e vice-presidente de criação, além de fundador da Soul/Ad Propaganda. Era sempre fiel ao seu lema: “Boas ideias atravessam o tempo”.
Rodrigues Neto deixa os filhos Henrique, Tamara e Priscila, a ex-esposa e irmãos, entre eles Marcino Fernandes Rodrigues Junior, o seu maior admirador e amigo. O corpo foi velado na terça-feira (4), no Memorial Santo André, na Grande São Paulo.
— O Geraldo, ou Geralde, como eu o chamava, era uma pessoa especial. Vai fazer muita falta para mim e para o mundo, era um irmão sensível, com um coração e uma alma gigante e generosa. Nos divertimos muito pela vida afora, com um apoio sem limites. Era um homem de princípios e valores inegociáveis e um talento da publicidade brasileira que, com pouco, fazia muito — disse o irmão Marcino.
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Trajetória na publicidade
Natural de Porto Alegre, Geraldo Rodrigues Neto nasceu em 5 de dezembro de 1953. Iniciou a carreira como criativo no Rio Grande do Sul, passando por agências como Texto & Arte, Arauto, McCann, Raul Moreau e Santer-Clan Propaganda.
Em 1976, mudou-se para São Paulo para trabalhar como redator na Santos & Santos. Também atuou na Persona, GFM/Propeg e Grab, onde chegou ao cargo de diretor de criação. Seu auge criativo foi na Adag, onde comandou a equipe entre 1983 e 1986.
Depois, assumiu a vice-presidência da CBBA e passou pela Advert Propaganda. Seu último projeto foi a agência Soul/Ad Propaganda, que dirigiu ao lado do filho Henrique, também criativo.
Ao longo da carreira, acumulou 123 prêmios em festivais como Anuário do CCSP, Festival de Nova York, Festival Brasileiro do Filme Publicitário do Rio de Janeiro e Prêmio Colunistas. Além de, claro, o Leão de Ouro em Cannes, na França.
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Perda da visão
Portador da síndrome de Von Hippel-Lindau (VHL), enfrentou dificuldades para enxergar desde a infância e perdeu completamente a visão aos 46 anos. A deficiência visual, no entanto, nunca o impediu expressar a sua extensa criatividade.
Foram inúmeras campanhas para marcas como Honda, Subaru, Leite Paulista, Trakinas/Nabisco, Balas Soft e Hasbro.
— Imediatamente após perder a visão começa uma contabilidade que consiste em entender e aceitar. Nenhuma das duas coisas é fácil. Surge a pergunta: "por que eu?". Depois você pensa nas perdas e ganhos. Existem ganhos. O primeiro é que você entendeu e aceitou uma grande perda. Que você sobreviveu. Isso faz de você um homem mais forte, um cara mais preparado. Tu descobres teus pares, tuas vaidades — disse em entrevista à Folha de São Paulo, em 2010.
*Produção: Murilo Rodrigues