
Existem dois Raimundo Fagner Cândido Lopes. Um deles é Fagner, o fanático por futebol, que atende o telefone da reportagem e, antes de dizer alô, pergunta a respeito da preferência futebolística do repórter. Diante da resposta tricolor, se anima. Afinal, é amigo pessoal de Renato Portaluppi, o atual comandante gremista.
– Renato é meu parceiro, frequenta muito a minha casa aqui no Rio – comenta.
Leia mais
"Obrigado por ter transformado tanta tristeza em alegria", diz Joelma após gravar primeiro DVD solo
Português António Zambujo mostra em Porto Alegre disco dedicado a Chico Buarque
Mas a conversa não é sobre futebol. É sobre o show que Fagner, o cantor, um dos maiores astros da música popular brasileira, virá apresentar em Porto Alegre neste sábado. Acompanhado de banda completa, o cearense trará ao Araújo Vianna apenas os clássicos de sua longeva carreira.
– É difícil adiantar o repertório porque cada show é diferente, depende muito do lugar – adianta Fagner. – Garantido é que tem sempre um núcleo de músicas mais conhecidas, daquelas que o público quer ouvir.
Resumindo, dá para esperar Borbulhas de amor (tenho um coração), Cabecinha no ombro, Deslizes, Mucuripe, entre outras espalhadas por uma discografia de 45 anos que atravessa o tempo e consegue reunir, em um mesmo espaço, fãs antigos e novos adeptos. Segundo Fagner, não é incomum o encontro de gerações em seus shows.
– Eu fico fascinado em ver um jovem e um velho na mesma vibração, unidos por esse sentimento lindo que é a música – descreve.
Fagner credita à internet e uma certa cumplicidade familiar a chegada de sua música a uma audiência que nem era nascida quando ele, Zé Ramalho, Alceu Valença, Belchior e outros revolucionaram a MPB ao misturar rock com música brasileira e ritmos nordestinos nos idos de 1970. O próprio admite que bebe muito pouco fora de sua fonte primordial de influências.
– Eu gosto é de ouvir Stevie Wonder, Nat King Cole e George Harrison, mas de vez em quando descubro algumas coisas diferentes, que as pessoas me mostram. Dia desses, por exemplo, conheci o Liniker por intermédio da filha do produtor do meu disco.
Disco novo, aliás, só deve vir em 2017. Talvez uma ou outra canção inédita seja liberada até o final deste ano, é o máximo que Fagner, o cantor, pode adiantar. Porque logo chega o Fagner, o futebolista, que encerra a entrevista chamando o amigo Renato Portaluppi para o show.
– Estou muito satisfeito do Renato ter voltado às origens dele, mas a saudade é imensa. Coloca aí no jornal que o convite tá feito se ele quiser aparecer lá no sábado.