
Responsáveis pela série Sens8, que estreia nesta sexta-feira na Netflix, os irmãos Andy e Lana (que nasceu Larry) Wachowski estrearam com o irregular thriller Ligadas pelo Desejo (1996), com Jennifer Tilly e Gina Gershon. Mas de fato chamaram a atenção do mundo quando escreveram e dirigiram a ficção científica Matrix (1999). Houve quem logo denunciasse o vazio daquele universo bem bolado, mas desenvolvido de modo um tanto precário. De maneira geral, no entanto, a empolgação foi massiva. Parecíamos estar presenciando o nascimento de um novo clássico do cinema.
Bobagem. As sequências Matrix Reloaded e Matrix Revolutions (ambas de 2003) deixaram claro que os mais céticos tinham razão, embora os Wachowski sigam chamando a atenção até hoje pelo uso apurado de certas trucagens, especialmente de computação gráfica, em filmes como o controverso Speed Racer (2008) e o péssimo O Destino de Júpiter (2015). Se a crítica já havia praticamente desistido de esperar boas realizações da dupla, o público parece ter dado o braço a torcer apenas neste último, uma superprodução estrelada por Channing Tatum e Mila Kunis que mal se pagou (arrecadou cerca de US$ 180 milhões, mesmo valor do orçamento divulgado pela Warner). O que, conforme a lógica da indústria de Hollywood, é uma espécie de pequeno desastre a comprometer os projetos futuros de seus responsáveis.
É neste contexto que chega Sense8. Sob os olhos desconfiados de todos, os Wachowski tentam demonstrar que, na televisão, ainda têm algo a oferecer. No cinema, não são poucas as portas que já se fecharam para ambos.