Com três conferências agendadas na Feira de Frankfurt, a quadrinista Paula Mastroberti enxergou uma oportunidade para divulgar não apenas o seu trabalho, mas a força da produção gráfica.
Ela pretende promover Osmose: Brasil e Alemanha em Quadrinhos, uma publicação bilíngue do Instituto Goethe fruto do intercâmbio entre três quadrinistas brasileiros em cidades alemãs e três alemães no Brasil, durante um mês no passado. Paula, que pesquisa HQs e leciona na UFRGS, aproveitou a estadia em Berlim não apenas para desenhar o conto gráfico que está no livro, mas também para travar contato com as quadrinistas alemãs que produzem a Spring Magazin. Daí surgiu Inverna, uma publicação especializada em HQs feitas por mulheres.
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- Tem muita coisa boa sendo feita no Brasil que é invisível, a produção alternativa tem que ser exportada e, na Alemanha, há um olhar muito mais aberto para isso - avalia a autora.
Quem também enxergou na Feira uma porta aberta para a produção alternativa foi Gustavo Faraon, sócio e editor da Dublinense e da Não Editora, baseadas em Porto Alegre:
- No ano passado, conheci muitos editores que estavam buscando coisas fora do clichê, que me procuraram porque buscavam uma editora mais urbana, periférica.
Gustavo frequentou a Feira em 2012 pela primeira vez, de olho no interesse gerado pelo anúncio do Brasil como país homenageado de 2013. Desta vez, já pegou o avião com 30 reuniões agendadas com editoras de todo o mundo. No ano passado, Gustavo vendeu os direitos para a publicação de três livros, e as bolsas de tradução oferecidas pela Fundação Biblioteca Nacional, uma das iniciativas federais de apoio à literatura, foram fundamentais para baratear o negócio:
- Para editoras pequenas, é superimportante estar lá, é uma oportunidade de se pensar como fazer as coisas, ver o que as outras pessoas estão fazendo, fazer com que os nossos autores ganhem o mundo, pensar parcerias.
A EdiPUCRS, única editora gaúcha que participa como convidada do governo brasileiro, já definiu suas apostas para a Feira há meses e está levando livros de perfil mais "internacional" que, inclusive, foram divulgados previamente em várias línguas.
- Já tenho várias reuniões marcadas com editoras universitárias, pessoal de eletrônica dos Estados Unidos e da Europa, que está oferecendo novas plataformas para a comercialização e divulgação de livros eletrônicos - compartilha o diretor da EdiPUCRS, Jeronimo Carlos Santos Braga.