O melhor livro sobre a velhice é de Cícero. Aliás, o título é este mesmo: A Velhice (De Senectute). Escreveu-o há dois mil anos, e, se resiste ao tempo, é porque ainda diz algo às pessoas. Esse prestígio decorre da naturalidade e da simplicidade de seus argumentos, que radicam nas experiências do autor quando confrontado com seu próprio envelhecimento. Para entendê-lo, temos de considerar a época em que foi escrito. Não havia nada do que nos cerca, nem cabe enumerar as criações na área da ciência e da tecnologia que transformaram o mundo num espaço de conforto - para os que dele podem desfrutar, evidentemente. Imaginemos um mundo sem comunicações instantâneas, e um mundo em que a doença, qualquer doença, era a antessala da morte. Um mundo, também, em que pessoas de 40 anos podiam considerar-se felizes por terem chegado a essa idade. Fazia sentido falar em velhice num momento em que hoje a pessoa está no máximo de sua capacidade.
Coluna
Luiz Antonio de Assis Brasil: Cícero
Para entendê-lo, temos de considerar a época em que foi escrito. Não havia nada do que nos cerca, nem cabe enumerar as criações na área da ciência