Shoah é um filme monumental não apenas nas suas mais de nove horas de duração.
O documentário que será apresentado a partir desta desta terça-feira na Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro é o mais importante registro já feito sobre o Holocausto, empenho do diretor francês Claude Lanzmann que foi assim definido pelo referencial crítico de cinema Jean-Michel Frodon: "Sua exibição em qualquer tela é uma vitória para a humanidade e seu futuro".
Em razão de seus 543 minutos de duração, Shoah será exibido em quatro partes, com duas sessões ao dia até o próximo domingo, com entrada franca. O evento, que marca o lançamento na Capital da caixa de DVDs com o clássico realizado por Lanzmann entre 1973 e 1985, é uma iniciativa da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, em parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS) e apoio da Organização Bnai Brith/RS. Às 20h da próxima sexta-feira, será realizado um debate com o documentarista João Moreira Salles, presidente do IMS.
Um dos aspectos emblemáticos de Shoah (expressão em iídiche representativa do Holocausto) - e para muitos a razão de sua grande força dramática e relevância histórica - está no fato de Lanzmann não se valer de nenhuma imagem de arquivo. Nos mais de 10 anos dedicados ao projeto, o diretor, que integrou a resistência francesa contra os nazistas na II Guerra, percorreu a Europa registrando depoimentos de sobreviventes do extermínio, seus algozes alemães e testemunhas que tiveram participação direta (maquinistas dos chamados trens da morte) e indireta (moradores vizinhos aos campos de concentração) no genocídio de milhões de pessoas, sobretudo judeus.
Segundo Frodon, Lanzmann "torna o espectador consciente da absoluta impossibilidade de representar o que ocorreu em cada um daqueles lugares", referindo-se a Auschwitz-Birkenau, Sobibor, Treblinka e o Gueto de Varsóvia, entre outros palcos de atrocidades. A recusa do diretor em fazer uso das imagens abjetas registradas à época do Holocausto é como um apelo para que a tragédia permaneça viva na memória da humanidade. Opção que, para outro importante crítico francês, Georges Sadoul, faz o filme tornar-se mais terrível: "Pelo horror que demonstra sem mostrar e pelo que deixa entrever em torno de uma entrevista, de demônios ainda mal refreados. A besta não está morta".
A caixa de DVDs de Shoah é composta por cinco discos e um livreto. Entre os extras, está o documentário O Relatório Karski (2010), produzido por Lanzmann para a TV francesa em 2010, no qual o diretor volta ao depoimento do mensageiro polonês Jan Karski, um dos entrevistados de Shoah. O livreto traz ainda o ensaio A Transformação Estética da Imagem do Inimaginável, da professora de Estudos de Cinema na Freie Universität de Berlim, Gertrude Koch.
Shoah será exibido em quatro partes, com entrada franca, de terça-feira a domingo. Programe-se:
Terça-feira
15h - Parte 1 (147 min)
17h30min - Parte 2 (116 min)
Quarta-feira
15h - Parte 3 (140min)
17h30min - Parte 4 (140min)
Quinta-feira
17h30min - Parte 1
20h - Parte 2
Sexta-feira
15h - Parte 3
17h30min - Parte 4
20h - Debate com o documentarista João Moreira Salles
Sábado
16h - Parte 1
18h30 - Parte 2
Domingo
16h - Parte 3
18h30min - Parte 4