Morreu, nesta segunda-feira (9), aos 99 anos, o escritor paranaense Dalton Trevisan. Apelidado de Vampiro de Curitiba, ele era considerado um dos maiores contistas contemporâneo do Brasil. Trevisan recebeu o Prêmio Camões em 2012 e venceu prêmios como Jabuti, Machado de Assis, APCA, prêmio da Biblioteca Nacional e Oceanos.
Entre os anos de 1945 e 2023, o escritor publicou cerca de 50 obras. Em 1959, alcançou repercussão nacional com a publicação de Novelas Nada Exemplares, livro que reunia toda sua produção literária até então e lhe rendeu o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.
Principais obras de Dalton Trevisan
O Vampiro de Curitiba foi publicado em 1965 e é a origem do apelido pelo qual ele era conhecido, em razão de seu comportamento recluso e de sua aversão às entrevistas. O livro é uma coletânea de contos ambientados na capital paranaense, com muito suspense e mistérios.
Cemitério dos Elefantes, lançado em 1964, traz um conjunto de narrativas curtas que exploram o lado sombrio e obscuro dos humanos.
A Polaquinha, de 1985, foi o único romance publicado por Trevisan. A trama conta a história de uma jovem bonita, loira e de classe média que trabalha como prostituta para pagar os estudos.
Três obras do autor foram relançadas pela editora Record em junho de 2024: Cemitério de Elefantes, Macho não Ganha Flor e Contos Eróticos.
Em 2025, ano de seu centenário, a Todavia vai publicar a obra de Trevisan, além de uma nova antologia de contos. Organizado por Felipe Hirsh e Caetano Galindo, o livro será lançado em junho do ano que vem e ainda não tem título definido.
Trevisan morreu em casa. De acordo com sua agente, informações sobre a causa da morte e o velório não foram divulgadas para manter a privacidade do escritor.
Vida e prêmios
Formado pela Universidade Federal do Paraná em Direito, ele abandonou a profissão após sete anos e passou a trabalhar na fábrica de vidros da família.
Entre 1946 e 1948, liderou o grupo literário responsável pela publicação da Revista Joaquim, símbolo e porta-voz de uma geração de artistas. A publicação reunia autores como Antonio Cândido, Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, além de ilustrações de Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres. Foi na revista que publicou materiais de suas primeiras obras, como Sonata ao Luar, de 1945, e Sete Anos de Pastor, de 1948.
Além de 1959, com Novelas Nada Exemplares, o autor ganhou o Prêmio Jabuti outras três vezes ao longo da carreira: em 1965, 1995 e 2011. Em 2012, foi eleito por unanimidade vencedor do Prêmio Camões. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.