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Foi anunciado nesta segunda-feira (20), pela Câmara Rio-Grandense do Livro, que Carlos Nejar é o patrono da edição de 2022 da Feira do Livro de Porto Alegre. Apaixonado pelo Rio Grande do Sul, o porto-alegrense de 83 anos é Imortal da Academia Brasileira de Letras, ocupante da cadeira de número 4, desde 1989.
Nejar conta com mais de 60 anos dedicados à literatura e já perdeu a conta de quantas obras lançou neste período — e nem faz questão de listar seus romances, poemas, ensaios e críticas. E quando é perguntado sobre os números, como na entrevista feita por GZH em abril, logo dispara, com sua voz mansa:
— Prefiro nem pensar. Eu não quero contar. As coisas no pensamento não se contam.
E mesmo que a contabilidade não seja algo com que Nejar se preocupe, a sua obra é volumosa. E dentre as dezenas de publicações, GZH separou sete que estão disponíveis para compra online para que você conheça melhor a obra do símbolo da Feira do Livro deste ano.
Sélesis e O Livro de Silbion
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Imersão em dose dupla. As duas primeiras obras de Nejar, Sélesis, de 1960, e O Livro de Silbion, de 1963, trazem, em poemas e contos, a epopeia do homem, em uma mistura única de gêneros.
De acordo com a crítica especializada, em seu livro de estreia, o poeta preparou o terreno, entregando a sua carta de apresentação para que, em seu segundo trabalho, abrisse as suas asas e mostrasse para os leitores a sua visão do universo.
Ambas as obras foram reunidas em uma edição única pela Life Editora, em 2020, comemorando as seis décadas de poesia de Nejar.
É possível comprar no site da editora.
Carta aos Loucos
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Com a primeira edição lançada em 1999 — a segunda é de 2008 —, Carta aos Loucos é um romance no qual Nejar aponta o rio da memória em que o realismo mágico necessita desembocar, mostrando o impossível, o fantástico.
A obra é a busca de Nejar de retornar a uma narrativa primitiva de Homero e dos clássicos, quando a narração, antes de tomar o formato de romance, era indivisível poema.
O autor destaca que a força das pequenas mortes ensina o homem a parar de morrer, criando um novo paradigma e uma perspectiva ao cânone ocidental.
Está disponível na Livraria Travessa.
Evangelho Segundo o Vento
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A obra, em prosa, publicada originalmente em 2002, nasceu a partir do Evangelho de João, com uma narrativa de invenção, metamorfose e fé, segundo o próprio autor.
Nejar acredita que o leitor que procurar por O Evangelho Segundo o Vento encontrará uma boa surpresa, pois há uma redescoberta da infância do tempo e do mundo nas páginas de seu livro.
De acordo com o próprio poeta, hoje, ele não saberia escrever novamente o seu próprio livro, uma aventura literária original, que aborda a reinvenção do mundo tendo o vento — alegoricamente, o espírito de Deus — como principal personagem.
A obra, que ganhou uma nova edição em 2020, pode ser adquirida no site da Life Editora.
Matusalém de Flores
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Com Matusalém de Flores, de 2014, Nejar inaugura uma nova etapa de sua experiência ficcional. Na obra, o escritor retrabalha signos de narrativas bíblicas e épicas, misturando o romance com a linguagem poética e inventiva, para contar as histórias da cidade de Pedra das Flores e de seu próprio Matusalém, que se confundem e complementam uma à outra.
O livro narra a história de um personagem que pouco tem em comum com seu homônimo bíblico, mas que enfrenta heroicamente situações adversas.
— O meu Matusalém é própria palavra que nos sobrevive, porque nós existimos na palavra e a palavra resiste conosco — destacou Nejar.
O livro pode ser adquirido no site da editora Boitempo.
História da Literatura Brasileira
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Lançada pela primeira vez em 2007, História da Literatura Brasileira consumiu mais de 10 anos de pesquisa. Em 2011, a obra foi revisada e ampliada por Nejar, sendo lançada, então, com o dobro de páginas (1.015).
A pretensão da obra é mapear o que de mais significativo se produziu nas letras nacionais, sendo cada estilo e cada época um capítulo especial de mais de cinco séculos de arte poética, ficção, teatro, ensaio.
Nejar, neste livro, ainda busca desalojar conceitos, desfazer mitos, revisitar escritores importantes e restaurar os esquecidos, além de preconizar rumos, corrigir injustiças e reposicionar cânones.
É possível adquirir o livro na Amazon.
Os Viventes
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Recriando poeticamente a história da humanidade, o livro foi lançado, originalmente, em 1979, quando foi aclamado pela crítica especializada. Em 2011, a obra ganhou uma edição ampliada, com acréscimo de nada menos que 300 poemas inéditos — ou "criaturas poemas", como define o autor.
O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu, à época da primeira edição: "É obra que, sucedendo ao canto anterior e antecipando o canto que continuará extraindo de sua mina poética, nos dá um belo exemplo de permanência e invenção contínua".
Nestes poemas, Nejar não expressa apenas sua profunda afeição pelos seres reais e imaginários, mas procura resgatar, de cada um, a essência tantas vezes esquecida ou menosprezada.
O livro pode ser adquirido na Amazon.
A República do Pampa
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Lançada em 2021, a obra é uma reunião de quatro poemas seus: O Campeador e o Vento, de 1966, Canga (Jesualdo Monte), de 1971, A Espuma do Fogo, de 2002, e República da Infância, de 2012. Todos dentro do assunto que é mais caro ao poeta: o Rio Grande do Sul.
— Esse é o meu livro de amor. E chamo a atenção para ele pela importância, independentemente de mim, porque foram todos eles (os poemas) dedicados ao Rio Grande do Sul — explicou a GZH.
O compilado, que traz 416 páginas de pura poesia pampeana, pode ser adquirido no site da Casa Brasileira de Livros.