
Ao longo da temporada do podcast “Vai de Vinho Brasileiro” ficou evidente que a vitivinicultura nacional tem futuro. Para entender quais são os caminhos que levam até ele, o décimo episódio já está disponível, encerrando a primeira temporada do podcast. Depois de analisar o setor vitivinícola sob diversas perspectivas, é hora de entender as oportunidades e ferramentas para aproveitar o bom momento que os rótulos nacionais vivem dentro e fora do país.
Para falar mais sobre esses cenários, o apresentador Daniel Perches recebe o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), vice-presidente do Consevitis-RS e diretor da Vinícola Don Giovanni, Daniel Panizzi. Também compõe a mesa da Sala do Vinho Brasileiro o vice-presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), Júlio Kunz, que também é diretor de Relações Institucionais da ABS-RS, fundador da Wine Expert Academy e sócio da vinícola Petronius.
O tema do futuro do vinho brasileiro surgiu como pano de fundo em diversas reflexões ao longo da temporada, trazidas por dezenas de profissionais de renome da vitivinicultura. Desta vez, o cenário se modificou: enquanto falam do futuro, os convidados revisitam diversos temas que apareceram nos episódios anteriores, como tecnologia, inovação, enoturismo, história, profissionalização e hábitos de consumo.
Para começar, Perches lança uma provocação: o vinho brasileiro é do futuro ou do presente? Para Daniel Panizzi, o setor já vive o vinho do presente, ao mesmo tempo em que há muita coisa para se construir no futuro. Ele observa que a vitivinicultura, em nível global, é muito dinâmica. Hoje, é possível ter acesso a tecnologia, informação e até mesmo ao produto final de forma muito rápida, em todas as partes do mundo. Acompanhando esse movimento, os rótulos brasileiros são capazes de se igualar a qualquer região produtora.
– Esse acesso fez com que o setor vitivinícola brasileiro crescesse de uma forma muito rápida nos últimos 25 anos, se posicionando como um produtor mundial de vinhos. No manejo de vinhedos, o Brasil tem o que há de melhor no mundo. Na indústria, da mesma forma – exalta Panizzi.
Kunz, por sua vez, observa que o Brasil não apenas produz os vinhos do presente, como cultiva a paixão pela bebida nas pessoas. Ele lembra que, há cerca de uma década, apresentar um rótulo nacional era muito difícil, ao passo que hoje se pode falar de vinho brasileiro e comparar com os de outras nacionalidades sem problema algum, do ponto de vista da aceitação. E vai além, defendendo que o vinho brasileiro de hoje é o agro do futuro.
– O Brasil é um país em que, economicamente, o agro é fundamental, mas o vinho traz um agro que agrega valor e que aproxima muito das pessoas. A diferença entre vender matéria-prima e um produto como o vinho é enorme, dos pontos de vista de agregar valor, juntar pessoas e de identidade cultural. Acredito que o modelo do vinho seja, inclusive, um indicador do futuro para o Brasil poder crescer mais ainda – aponta.

Mercado dinâmico
Entendendo que o vinho ideal varia de acordo com o gosto pessoal ou mesmo a ocasião em que será degustado, o setor vitivinícola tem oportunidades de crescer em diferentes nichos de mercado. A graduação alcoólica, de açúcar ou o tempo de maturação são alguns dos quesitos trabalhados para atender aos diferentes perfis de consumo.
– Existe uma complexidade importante, tecnicamente. É preciso ter sensibilidade para levar isso ao consumidor de forma que não o afaste. Existem muitos nichos e o desafio das vinícolas é entender qual o seu – observa Panizzi.
Segundo ele, o setor conquistou um papel importante na qualidade dos produtos e desfruta de igual relevância no contato com o consumidor. Antigamente, os profissionais apontavam qual seria o melhor vinho de determinada safra; hoje, essa resposta depende do que o consumidor gosta.
Kunz, que acompanha a formação de especialistas em vinho, destaca que o crescimento do interesse traz, junto, um incremento qualitativo, pois quanto mais as pessoas estudam esse universo, menos restrições têm em relação aos produtos nacionais.
– Quem vem estudando o vinho deixa o preconceito de lado porque tem conhecimento e não vai se guiar por respostas fáceis. O vinho pode ter respostas fáceis, mas é uma bebida que tem sua complexidade. Acredito que as vinícolas conseguem trabalhar isso, especialmente com as diferentes técnicas de elaboração – comenta.
Futuro promissor
Olhando para o caminho já trilhado e fincando os olhos no horizonte, Daniel Panizzi vê um futuro fantástico para o vinho brasileiro. Dentro desse contexto, destaca o próprio podcast como uma ferramenta importante para se aproximar do consumidor, mostrando todo o trabalho do setor produtivo.
– Na base de tudo isso está um produtor familiar, de pequena propriedade. É uma roda que gira, em que mais setores vão se conectar depois. A gente precisa ressaltar esse pequeno agricultor e esperar que todos possam brindar com um bom vinho brasileiro, entendendo que dentro dessa garrafa tem muito trabalho e muita história – afirma.
Kunz vai na mesma direção ressaltando que o futuro não pode ser previsto, mas que podemos desejá-lo, ele projeta que o Brasil se consolide, cada vez mais, como um país de vinhos.
– Desejo a consolidação do consumo em geral e que a produção brasileira seja cada vez maior, se espalhando pelas diferentes regiões. Que o vinho faça parte, cada vez mais, da nossa cultura e da nossa identidade – almeja.
O podcast “Vai de Vinho Brasileiro” é produzido pelo Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi) e com apoio de Sicredi e do Sebrae. O conteúdo está disponível no YouTube do Consevitis-RS.
Ao término desta primeira temporada, o público é convidado a participar por meio das redes sociais e manifestar o interesse em novas conversas na Sala do Vinho Brasileiro. É a oportunidade de aprender cada vez mais sobre esse universo.