Favorito ao Bafta de melhor ator por Coringa, Joaquin Phoenix levou o prêmio neste domingo (2) e seu discurso crítico à falta de diversidade na indústria cinematográfica girou o mundo. Aparentando desconforto no palco, o ator afirmou que se sentia em conflito, por estar honrado com a distinção, mas envergonhado de ser parte do problema.
— Sinto-me muito honrado e privilegiado por estar aqui esta noite. Os Bafta sempre me apoiaram em minha careira, e estou profundamente agradecido. Mas também devo dizer que me sinto em conflito, porque muitos dos meus colegas atores que também mereciam estar aqui não têm o mesmo privilégio — afirmou Phoenix logo no início de sua fala.
Entre os indicados nas quatro categorias para atores no Bafta, todos eram brancos. Na categoria de direção, nenhuma mulher foi lembrada. À época da divulgação destes indicados, a hashtag #BaftasSoWhite (Bafta tão branco) esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter. Frente às críticas, o chefe de comitê de cinema do Bafta, Marc Samuelson, disse à revista Variety que haverá uma "revisão cuidadosa e detalhada" e prometeu alterações para o próximo ano.
Para Joaquin, as indicações demonstraram que o Bafta não é receptivo para pessoas negras.
— Acho que lançamos uma mensagem muito clara às pessoas negras: que vocês não são bem-vindos aqui. Essa é a mensagem que estamos enviando às pessoas que tanto contribuíram para o nosso meio e a nossa indústria, fazendo coisas das quais nos beneficiamos. Acredito que ninguém está pedindo caridade nem um tratamento preferencial, embora seja isso o que nos damos a nós mesmos todo ano.
Por fim, no entanto, ele reafirmou que se sente "parte do problema", por nunca ter tomado uma posição forte em relação ao assunto. Para o ator, as pessoas, como ele, que "criaram, perpetuaram e se beneficiaram de um sistema opressor têm a obrigação de desmantelá-lo".
—Essa não é uma condenação totalmente justa, porque me envergonha dizer que sou parte do problema. Não fiz tudo o que está em minhas mãos para garantir que todas as rodagens em que trabalho sejam inclusivas. Mas acho que se trata de algo a mais do que ter equipes multiculturais. Acho que temos que fazer um trabalho mais duro para entender o racismo sistematizado. Acho que as pessoas que criaram, perpetuaram e se beneficiaram de um sistema opressor têm a obrigação de desmantelá-lo. De modo que tudo depende de nós. Obrigado.
Assista ao discurso de Joaquin Phoenix (em inglês):