Trabalhos de um dos maiores nomes da gravura gaúcha serão exibidos ao público pela primeira vez na exposição Henrique Fuhro, a Obra em Curso: um Recorte na Coleção Dalacorte. A maioria das 60 obras da mostra que entra em cartaz hoje no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo é inédita. Estão reunidos desenhos, xilogravuras e pinturas representativos de toda a carreira de Fuhro (1938 – 2006).
A curadoria é de Renato Rosa, ex-marchand do artista e responsável pelas últimas exposições de sua produção na Capital – entre elas, uma retrospectiva no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), em 2010, e uma mostra no ano em que Fuhro teria feito 75 anos, 2013, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS). Agora, Rosa selecionou apenas obras do colecionador Paulo Dalacorte. O acervo particular, com sede em Getúlio Vargas, no norte do RS, é focado em arte gráfica e ultrapassa as 1,2 mil obras.
– Tenho acompanhado o Dalacorte nos últimos dois ou três anos e concluí que ele é o maior colecionador privado da obra do Fuhro. A partir disso, puxei o novelo e tratamos de executar a mostra, não houve maiores elucubrações. A coleção (de obras do Fuhro, especificamente) é extensa, e eu trouxe uns dois terços dela para a exposição – compartilha o curador.
Nascido em Rio Grande e radicado em Porto Alegre, Fuhro alcançou projeção nacional pela excelência em gravura, especialmente a xilogravura. Participou de várias edições da Bienal de São Paulo e de diversos salões internacionais. No RS, foi um dos primeiros artistas a expor obras influenciadas pela arte pop americana, criando trabalhos coloridos e dinâmicos que remetem a publicidade, TV, cinema e quadrinhos.
A nova exposição abrange seus principais temas, que incluem figuras de instrumentos musicais, esportistas, mulheres idealizadas e os famosos mascarados, tipos inspirados no personagem de HQ The Spirit, de Will Eisner. Jacob Klintowitz, maior estudioso de Fuhro, ressalta que os "gestos mecanizados e rostos funcionais" de seus personagens transmitiam melancolia e falta de esperança. "E no movimento, no gesto de seus personagens, nas ações repetitivas, sempre a solidão, o homem abandonado de tudo, imune ao amor humano e ao amor divino", escreve o crítico de arte no texto Fuhro, o Biógrafo da Solidão.
Dentre o conjunto de obras reunidas para a mostra, o curador destaca uma série de 11 estudos e uma pintura em que Fuhro faz uma releitura da escultura O Laçador, de Antônio Caringi.
– É um conjunto inédito que sai da linha de trabalho do Fuhro e estará destacado na exposição. Os trabalhos foram feitos sob encomenda para um colecionador, que depois os passou adiante – revela Rosa.
Outros destaques são a série Jogos de Guerra, de 1984, e obras que evidenciam a pesquisa de Fuhro com técnicas incomuns, como a pintura acrílica sobre cartão telado.
Veja galeria com imagens das obras em exposição: