A história de Porto Alegre pode ser contada por meio de diversas perspectivas. Através de pessoas e de eventos. No ano de 1963, a Capital recebeu os Jogos Mundiais Universitários, evento conhecido como Universíade, marcando seu nome na rota de eventos internacionais e se destacando pela eficiência e pela hospitalidade. Entre os dias 30 de agosto e 8 de setembro daquele ano, foram disputadas nove modalidades: atletismo, basquetebol, esgrima, ginástica artística, natação, polo aquático, saltos ornamentais, tênis e voleibol. Ao todo, mais de 700 atletas de 27 países participaram do evento, que, até aquela data, foi considerado o mais expressivo já realizado na capital gaúcha.
Entre esses atletas, uma se destaca: Diva Corrêa Santiago. Falar em Diva é falar na memória do esporte gaúcho e nacional; é falar na história de um dos principais clubes esportivos e sociais do Estado e do país: o Grêmio Náutico União, que por sua vez foi um dos palcos da Universíade, evento que completou seus 70 anos em 2023.
Medalha de ouro no voleibol naquela competição, Diva nasceu em 1938, em Porto Alegre, e iniciou no esporte com cerca de 10 anos. Ingressou na natação do Grêmio Náutico União e logo se destacou, passando a disputar campeonatos, quebrando 15 recordes estaduais. A paixão pelo esporte fez com que Diva se aproximasse de outras modalidades, como basquete e voleibol. Na década de 1950, foi convocada para integrar as seleções gaúcha e brasileira de basquete.
No voleibol, conquistou campeonatos de Porto Alegre e foi bicampeã estadual (em 1960 e 1961). Em 1962, pela Seleção Brasileira, foi campeã sul-americana, em Santiago, no Chile, e, por essa conquista, recebeu o título de Atleta Grande Laureada do Rio Grande do Sul. Com trajetória ligada ao União, foi rainha do cinquentenário do clube e, de forma inédita, recebeu o título de Sócia Grande Laureada em duas modalidades: natação e voleibol. Também recebeu, em 1990, a Medalha João Saldanha por sua notoriedade.
Formada em Educação Física e professora da UFRGS, a atleta ficou conhecida por, desde a década de 1970, jogar vôlei de praia sempre no mesmo ponto em Tramandaí: a “quadra da Diva” recebeu personalidades como Renan Dal Zotto e Cláudio Taffarel, até 2020, quando teve as atividades encerradas. Diva foi uma das idealizadoras do primeiro Campeonato Brasileiro de Vôlei Master (1993) e, mais tarde, passou a praticar tênis, participando de competições internacionais.
Em 2016, com 78 anos, foi uma das pessoas convidadas pela prefeitura de Porto Alegre para participar do revezamento da tocha Olímpica Rio 2016. Por uma vida dedicada ao esporte, por ser uma das medalhistas no evento esportivo que marcou a história da Capital, bem como para celebrar a vida e a obra de umas das atletas mais representativas do nosso Estado, o Museu do Grêmio Náutico União apresenta uma exposição, interna e motivadora, que celebra não somente a história da atleta, como também a história de Porto Alegre. Diva faleceu no dia 10 de julho deste ano.
Colaboraram Aline Vargas, museóloga do clube, Vera Botaro Purper e Luciana Licht