Quando se fala na "revolução das comunicações", talvez os mais jovens pensem que se trata de termos saído do obsoleto Orkut para a "evolução" do Facebook. Para os mais velhos, a coisa soa um pouco diferente. É difícil (ou impossível), para a garotada, imaginar que disparar um telefonema do Litoral para qualquer parte do Estado (do mundo, então, nem se fala, ou melhor... nem se falava) já foi um programa a ser agendado, normalmente, aliás, para o horário da noite, quando as "linhas" estavam desocupadas e a comunicação era, teoricamente, menos difícil.
Sim, nos anos 1960 ou 1970, as pessoas diziam: "Tenho que ligar para o fulano hoje à noite..." ou "Quem sabe ligamos para o beltrano, para saber se ele vem no fim de semana". Isso implicava deslocar-se até um dos postos telefônicos instalados em determinados imóveis das principais praias gaúchas, solicitar a chamada a uma atendente e aguardar, geralmente numa longa fila, que alguém gritasse: "Ricardo, cabine quatro!".
Você entrava no cubículo (de onde sairia, certamente, suando muito), fechava a portinha de vidro, levantava o fone do gancho e, com fé, esperava que a pessoa estivesse "do outro lado da linha". Quando dava certo, depois de pagar e apanhar o troco, você saía (com um ar de triunfo) novamente ao encontro da brisa marinha.
Os postos eram tão lotados de gente, havia tanta reclamação, que, no final da década de 1970, a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT) adaptou alguns trailers para reforçar o atendimento. Outro grande passo foi a colocação de "orelhões", que ostentavam ao lado a inscrição "CRT – Aqui DDD (discagem direta a distância), para a Grande Porto Alegre use ficha comum".
Fichas... eram... pequenos discos de metal com ranhuras específicas que, comprados com antecedência, deveriam ser introduzidos no aparelho telefônico para completar a ligação. À medida que a conversa se estendia, as fichas iam caindo e você ouvia o som do seu dinheirinho sendo consumido pelo papo longo.
"Caiu a ficha" de como era difícil se comunicar antigamente? Viva a tecnologia! Mas cuidado, senão ela toma o seu último centavo.