Enquanto a ressaca impediu milhares de banhistas de aproveitarem com tranquilidade as praias do Litoral Norte, neste domingo (19), num ponto entre Tramandaí e Imbé, cerca de 20 surfistas e praticantes de stand-up paddle aproveitaram a formação de um fenômeno que surge por conta do mar agitado: a "pororoca gaúcha".
Consequência de um ciclone extratropical que se formou no Atlântico Sul, a ressaca acabou fazendo com que as águas do oceano entrassem com força no leito do rio, formando uma longa onda que chegava a durar quase três minutos.
Acompanhando a previsão do tempo e sabendo que haveria uma ressaca, os praticantes dos esportes, que já conhecem o fenômeno, aguardavam por este momento. O professor de surf Jader Vieira, 42 anos, foi um deles. Ele foi um dos primeiros a chegar a Imbé, por volta das 8h30min. Oito horas depois, ele já havia perdido a conta da quantidade de ondas surfadas num único dia. Para ele, a possibilidade de surfar no rio Tramandaí é rara, tranquila, divertida e acaba unindo os surfistas da região.
— Para rolar, tem que ter um mar ressacado e uma combinação de direção do vento. Hoje, está perfeito. Estamos conseguindo surfar até 350 metros de extensão. O legal desta onda, além da extensão, é o fato de ser rara. A galera sempre fica esperando. Aonde mais tem pororoca no Sul do Brasil? Chamamos de "pororoquinha" porque ela é mais curta do que aquela de quilômetros na região Norte do Brasil — comentou Jader, prometendo que ficaria surfando até meia-noite.
Para surfar a onda incomum no rio, que é impróprio para banho, a paciência foi a maior companheira do grupo que aguardava pela formação do fenômeno. Cada onda poderia levar até uma hora para ocorrer novamente. Porém, no período em que a equipe de reportagem de GZH permaneceu no local, quatro grandes ondas ocorreram num intervalo de 1h30min, fazendo a alegria de quem aguardava, seja dentro ou fora da água, já que dezenas de curiosos acompanhavam da mureta a performance dos esportistas.