O sumiço recorrente dos tradicionais bancos da avenida Beira-Mar de Capão da Canoa, no Litoral Norte, levou a um aumento do uso de correntes de ferro instaladas para evitar furtos. A medida, já adotada em outros veraneios, porém antes em menor intensidade, passou a causar estranheza de veranistas que aproveitam o calçadão da principal via turística do município. Os bancos estão acorrentados uns aos outros, em árvores e até mesmo em pequenos tocos de madeira aterrados. Em um trecho de menos de dois quilômetros, GaúchaZH contou ao menos quinze assentos unidos dessa forma.
A prefeitura não soube precisar em números a variação na quantidade de bancos com correntes, nem se houve crescimento nos furtos. Os bancos são instalados no passeio público por moradores, condomínios ou comércio – a maioria que está acorrentada se concentra no final do calçadão de Capão da Canoa em direção à Praia de Atlântida, perto dos últimos edifícios altos, cobertos por sombras.
Uma das pessoas que se surpreendeu com a presença das correntes é o delegado aposentado Edmor Cansian, 69, que sentou no local após uma longa volta de bicicleta de aproximadamente 40 minutos. Mesmo acostumado com algemas durante os anos na Polícia Civil, ele entende que o dispositivo de segurança estraga o ambiente calmo de praia.
— Menos mal que fizeram alguma coisa. Mas é lamentável que tenhamos chegado a esse ponto aqui na praia. Sinal da "evolução dos" tempos — ironizou.
Algumas correntes foram pintadas de branco, as mesmas cores dos bancos. Outras receberam uma capa azul marinho, com formato que se assemelha ao de um cano. Mais chamativas, estas saltam aos olhos com mais facilidade.
Há também quem sequer perceba que está sentado em um banco acorrentado. A educadora física Liliana Herter Brum, 33, aproveitava o final de tarde com o filho, a irmã e o sobrinho e não tinha visto a corrente que prendia o banco a outro. No entanto, em outros pontos da orla, ela já havia notado.
— Não me incomodam as correntes. Se no Brasil tem que ser assim, é o jeito — lamentou.
No mesmo horário, o segurança de festa Manuel Yannez, 22, aproveitava o banco para conversar uma amiga. Sentado no encosto, com os pés no assento, ele não concordava com as correntes que prendiam um dos pés do banco em um toco. Para ele, "se quisessem furtar, iriam roubar com corrente e tudo".
O secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Capão da Canoa, Itamar Trombetta, discorda. Segundo ele, era comum os bancos sumirem do local e aparecerem em outros locais, alguns até inesperados.
— Um casal quer namorar nas dunas ou na beira-mar. Aí tiram os bancos do calçadão. Já apareceram nas dunas, em ruas de bairros e até em frente a comércio, tirados por empresários que só queriam um espaço de lazer em frente aos seus empreendimentos — comentou o secretário.
A meta do secretário agora é chumbar todos os bancos do município. No procedimento, é aberto um buraco na terra para cada pé dos bancos e concreto é colocado entre os pregos. Depois, o banco é colocado sobre o concreto. Grande parte dos 150 adquiridos pela prefeitura antes do início do verão já estão chumbados. Assim, a prefeitura imagina que o sumiço dos assentos tenha fim.