Entre as queixas mais comuns que a ginecologista Florence Marques - coordenadora do Ambulatório de Sexologia do Hospital da PUCRS - ouve todos os dias de dezenas de pacientes estão a redução do desejo e dores na relação sexual. Aproximadamente 40% das mulheres que procuram o ambulatório estão acima dos 50 anos, fase em que os efeitos da menopausa começam a aparecer e causar transtornos. Mas, nem sempre a menopausa pode ser apontada como única culpada.
- A diminuição do desejo sexual pode ocorrer em função dos hormônios, mas não podemos esquecer que, a partir dos 50 anos, outros problemas de saúde, como pressão e diabetes, aparecem. E essas doenças e seus tratamentos podem levar a redução do desejo - explica Florence, que também é sexóloga.
Ela alerta para importância do acompanhamento médico neste período de transição. Só assim é possível identificar as reais causas da redução da libido. Além da menor produção do hormônio do estrogênio, o que ocorre na menopausa, outros hormônios sofrem alteração e afetam as relações sexuais.
O hormônio da tireóide é um deles. Segundo a médica, quem tem hipertireoidismo e não controla a doença pode sofrer redução da libido. Da mesma forma, a prolactina elevada pode estar relacionada a falta de interesse pelo sexo.
- O hormônio principal, que após a menopausa pode sofrer redução é a testosterona, responsável pelo desejo e pelas fantasias - diz a ginecologista.
A especialista explica que quando uma paciente sofre a chamada menopausa cirúrgica - retirada do útero e ovários - a diminuição da testosterona é maior, elevando as queixas de diminuição do desejo. Nesses casos é preciso avaliar a reposição de testosterona.
- Um dos sinais da redução da testosterona, é quando a mulher diz que o toque no clitóris não a excita mais como a excitava anteriormente.
Menopausa e reposição hormonal
As dores na relação sexual são comuns às mulheres, principalmente na menopausa, em decorrência do ressecamento e atrofia vaginal, além da alteração na espessura e elasticidade da pele. Uma das formas de devolver a lubrificação ao órgão é através da reposição hormonal
Florence explica que, na maioria dos casos, apenas mulheres que apresentam diabetes, hipertensão, ou são fumantes têm restrições para a hormonioterapia oral. Mas estas têm a opção de usar o tratamento com pomada, chamado hormônio tópico.
- As mulheres têm medo porque muito se fala de forma generalizada. Não se pode dizer que o tratamento de reposição faz efeitos iguais em todas as pacientes. É preciso analisar cada caso - alerta.
Além das questões orgânicas, ainda é possível evitar a diminuição do libido por meio de simples hábitos de um casal. A sexóloga lembra que normalmente as mulheres já precisam de um estímulo maior para sentir desejo sexual. Com o tempo, as preliminares, carinhos e momentos de relaxamento se tornam ainda mais importantes.
Confira as dicas:
- mantenha uma boa qualidade de vida, isso diminui o risco de outras patologias que possam afetar a saúde sexual;
- procure praticar atividades de lazer, momentos a dois, como sair para dançar, namorar, viajar;
- fuja da rotina. Ela também acaba com o desejo sexual;
- busque locais em que possa relaxar para namorar;
- invista nos carinhos e intimidade. É comum que o desejo precise de estímulo - preliminares são fundamentais.
Saiba mais:
De acordo com estimativas do Datasus, para o ano de 2006, a população feminina brasileira totaliza mais de 94 milhões de mulheres. Neste universo, cerca de 30 milhões está entre 35 e 65 anos, o que significa que 32% das mulheres no Brasil estão na faixa etária em que ocorre o climatério, fase de transição do período fértil para infertilidade.
Notícia
Sexóloga explica por que a libido feminina cai com o passar dos anos
Menopausa e outros fatores são problemas recorrentes
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