Uma das formas de avaliar um texto é a sua repercussão. Não é a única. Muitas vezes, o silêncio diante de uma crítica também fala. Mas a coluna da semana passada, sobre as calçadas de Porto Alegre, mereceu um número muito grande de e-mails e manifestações. Por isso, continuo no tema. Um dos que entraram no debate construtivo foi o prefeito Sebastião Melo. Nos encontramos no South Summit. Conversamos alguns minutos. O dilema da prefeitura é: assumir a responsabilidade pelas calçadas ou encontrar um jeito de fiscalizar com mais rigor.
Quando a gente consegue jogar luz sobre um desafio coletivo e, com isso, ajudar a resolvê-lo, tudo faz mais sentido. Selecionei alguns trechos de mensagens de leitores:
“Já caí duas vezes devido ao estado das calçadas perto de minha casa. Tenho 80 anos, gosto de caminhar, mas sou privada deste prazer devido ao estado das calçadas”.
MG
“Antes de cobrar isso dos proprietários dos imóveis, o governo deve dar o exemplo. As calçadas dos imóveis pertencentes ao governo nem sempre são cuidadas. Eu mesma, há alguns anos, tropecei na calçada do Dmae, na 24 de Outubro”.
LZ
“Sou entusiasta das calçadas. Meu termômetro civilizatório passa por elas. Elas são um espaço especial, ao mesmo tempo público e privado. É um índice do respeito de cada um pela cidadania".
MC
Quando eu ainda escrevia todos os dias, a diretora de Produto do Grupo RBS, Marta Gleich, trouxe para as redações o conceito do jornalismo de soluções. Não basta apontar um problema. É preciso refletir sobre como resolvê-lo. Por isso, apresento aqui uma visão sobre o assunto. Enquanto a prefeitura decide o que fazer, que a lei seja cumprida. Os proprietários dos imóveis são os responsáveis pelas suas calçadas. Acredito, por outro lado, que transferir a responsabilidade para o poder público seria um erro. Uma despesa gigantesca cairia no colo do prefeito e uma nova estrutura pública teria de ser criada. Não costuma funcionar. Cabe à prefeitura e à Câmara Municipal, acredito, uniformizar padrões. Mas o mais importante, o inadiável, o fundamental é devolver aos idosos, aos cuidadores que precisam circular com carrinhos de bebê, às pessoas com deficiência e a todos os cidadãos o direito de ir e vir pelas calçadas da capital de todos os gaúchos.