Não foi Jair Bolsonaro quem ganhou a eleição. Foi o PT que perdeu. Boa parte dos votos dados ao hoje presidente da República foi motivada não pelos seus méritos, mas pela aversão a Lula e ao gigantesco esquema de corrupção que o cercava.
O desgaste do petismo gerou uma onda de rejeição. Na época, Bolsonaro era o único, de acordo com as pesquisas, capaz de tirar a esquerda do poder. Então, liberais, conservadores, empresários e evangélicos se uniram em uma aliança de engenharia complexa, mas vitoriosa nas urnas.
De olho na reeleição, Bolsonaro precisa de um PT. Lula desapareceu e seu partido encolheu. A ameaça socialista, um dos motes preferidos do ex-capitão durante a campanha, hoje é bem menor. Nesse contexto, três cenários se desenham.
- Bolsonaro ressuscitará Lula, dando a ele o protagonismo no papel de vilão.
- O presidente encontrará um outro inimigo de igual poder.
- O terceiro cenário é do vácuo. Com a esquerda murcha e o centro esfacelado, Bolsonaro correrá sozinho.
O tempero definitivo dessas possibilidades é a economia. Se ela estiver bem – e os sinais são de que estará – a reeleição será mais fácil. No fim, é possível que Jair Bolsonaro tenha apenas uma adversário com o qual se preocupar. Ele é poderoso, faz estragos e ocupa espaços. O nome dele é Jair Bolsonaro.