A porto-alegrense Juliana Carvalho, 38 anos, nunca imaginou que, ao se mudar com a família para a Nova Zelândia, enfrentaria um calvário para permanecer no país. Cadeirante desde os 19 anos, quando ficou paraplégica depois uma inflamação na medula, ela tenta o visto permanente, negado pelo Tribunal de Imigração neozeolandês. O argumento: ela não tem “um padrão de saúde aceitável” e, por isso, “impõe custos e/ou exigências significativas ao sistema de saúde”.
Juliana mora com uma irmã e uma sobrinha. A mãe e mais dois irmãos também vivem na Nova Zelândia – todos devidamente legalizados. Chegou à cidade de Auckland há 7 anos com visto de estudante, aprendeu inglês e desde então trabalhou e pagou impostos. Seu último emprego, até setembro, foi em uma multinacional, na área de direitos humanos e inclusão social. Ela vem recorrendo ao tribunal para ficar no país desde 2015. Pode ser, a rigor, deportada a qualquer momento, já que seu visto expirou no mês passado. Mais um capítulo da sua batalha ocorre no dia 24, novo prazo para apelação em tribunal, que deve dar um retorno dentro de três meses. Depois disso, somente uma intervenção direta do ministro da Imigração daquele país poderá ajudá-la.
Enquanto isso, Juliana tenta mobilizar os amigos, a imprensa local e a sociedade para conseguir a permanência. Chegou a criar uma petição na internet, onde pretende conseguir mais de 1 milhão de assinaturas apoiando a mudança na legislação para imigrantes. Ela calcula que já gastou mais de 20 mil US$ com advogados. "Não é só sobre mim, é para uma mudança geral", explica.
No RS, chegou a criar, na Assembleia Legislativa, um programa de televisão chamado Faça a diferença. Em 2010, lançou a autobiografia Na Minha Cadeira ou na Tua?, que foi distribuída pelo Ministério da Educação.
A coluna entrou em contato com a Embaixada da Nova Zelândia no Brasil. A orientação foi a de procurar o governo neozelandês, o que foi feito ainda na quarta-feira, dia9. Yvette McKinley, assessor de comunicação do Ministério da Imigração da Nova Zelândia, explicou ao Informe Especial que os processos de imigração no seu país são protegidos por sigilo e que casos específicos só podem ser tratados com autorização oficial dos envolvidos.
Produção: Tatiana Bandeira