Vi no Jornal Nacional. Um soldado israelense que ajudava nas buscas em Brumadinho caiu na lama. Ficou com as pernas presas na terra pastosa e molhada. Um bombeiro brasileiro veio correndo. Os gestos foram praticamente simultâneos, automáticos. O israelense estendeu o braço e o brasileiro puxou-o para cima. Foi rápido, mas disse muito. Dois homens que não falam a mesma língua podem se entender se têm propósitos que conversam. Salvar vidas e mitigar sofrimentos é um dos mais nobres.
O exército de Israel é um dos melhores do mundo. Serve de referência e de modelo para outros tantos. Torço para que um dia não precise mais existir. Enquanto isso, investe bilhões em tecnologia e em equipamentos que parecem ficção científica. Mas, no final das contas, tudo se resume às pessoas. Um homem que afunda da lama. Outro que vem e ajuda. Distantes, mas iguais.
Não sei se a tevê de Israel também mostrou essa imagem, mas seria bom que o fizesse. Não como símbolo de fraqueza. Ao contrário. É humilde lembrança de que, diante da natureza – que pode ser chamada de Deus por quem acredita- um braço estendido salva e vale mais do que qualquer outra coisa. Foi o que Israel fez com Brumadinho. Foi o que o bombeiro de Minas Gerais fez com o colega israelense.