A diferença é gritante. Ou melhor, a diferença fala baixo, em tom pausado e equilibrado. No seu primeiro discurso depois da posse, no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro provou ter compreendido que a época das bravatas acabou. Agora, é preciso transformar as promessas em realidade.
A ponderação de Bolsonaro é um bom sinal, testemunhado, no plenário, por figuras tão antagônicas quanto Evo Morales e Benjamin Netanyahu. Vou "governar com vocês", disse Bolsonaro aos parlamentares, boa parte mais preocupada em gravar e fotografar a posse do que em assisti-la.
No seu discurso de cerca de 10 minutos, Bolsonaro lembrou o atentado que quase o matou:
"Os inimigos da Pátria tentaram tirar a minha vida", declarou, deixando claro, mais uma vez, que não acredita na tese de que Adélio Bispo agiu sozinho dia 6 de setembro do ano passado.
Dilma Rousseff em seu discurso de posse do primeiro mandato, em 2011, falou por 40 minutos.
No seu pronunciamento inaugural, o presidente recém empossado reafirmou seus compromissos de campanha: escola sem ideologia, maior liberdade de defesa dos cidadãos, reafirmação da relevância das polícia e das Forças Armadas e combate à corrupção. O que mudou, radicalmente - ainda bem - é a forma, agora bem mais suave, sem deixar de ser firme.
Bolsonaro leu seu juramento solenemente. Já o vice, Antônio Mourão, parece ter decorado o texto. O gaúcho baixou a cabeça apenas algumas vezes em direção ao papel.