Antes de os músicos adultos subirem no palco dos grandes festivais de música tradicionalista gaúcha, as crianças têm vez. Os eventos de maior porte chegam a ter até 70 inscritos na categoria mirim. Em busca do sonho de ser cantora, Luíza Barbosa Dias, de 11 anos, já perdeu a conta de quantas vezes se apresentou. Na estante da sala de sua casa, em Sapiranga, expõe os 87 troféus que ganhou com o repertório de mais de 30 músicas.
De voz grave, a menina se inspira em nomes como Elis Regina e Shana Müller. Além de cantar, dança e declama poesias. Sexta-feira é o único dia da semana em que Luíza não tem ensaios – seja no Centro de Tradições Gaúchas Guapos do Itapuí, em Campo Bom, ou no Estúdio Musique, em Porto Alegre.
– Haja perna! A gente tá sempre em cima, né. Quando é demais, damos uma segurada. Mas nem por ser artista e fazer tanta coisa ela deixa de lavar uma louça! – brinca o pai, Geonei Lopes Dias.
Geonei e a mulher, Ângela, encaram a rotina intensa com devoção. Nos finais de semana, os três viajam por todo o Rio Grande do Sul para que a filha possa competir nos rodeios. Geonei conta que toda a vontade de seguir carreira artística veio da filha. Apesar da dedicação de gente grande, Luiza tem tempo para ser criança, garante.
A menina afirma, sem titubear, que ama o que faz. Ela destaca as amizades que conquista no CTG e nos festivais:
– Tem muita criança nesses lugares. Eu brinco e me divirto bastante. Quando me apresento, sinto uma emoção muito grande!