O sequestro da mãe do jogador Taison, que foi levada por bandidos em Pelotas durante a semana, expôs mais uma vez o absurdo cognitivo causado pela violência. A Polícia fez um baita trabalho. Rápido, limpo, eficiente. Mas ouvindo declarações de delegados e de colegas jornalistas quase me convenci de que a culpada era a vítima, porque ainda mora na mesma casa simples e pouco segura em que sempre morou, desde que o filho não era famoso e endinheirado.
Uma vez um brilhante delegado me chamou de ingênuo, porque eu defendia a tese de que um cidadão pode deixar dinheiro no carro aberto ou ir dormir sem fechar as janelas de casa sem que isso justifique um eventual assalto.
A culpa é sempre do bandido, em primeiro lugar. Em segundo, do sistema que não evitou que ele virasse bandido ou conseguiu puni-lo e recuperá-lo depois de ele se tornou criminoso. A vítima é a vítima.
A Dona Rosângela, mãe do Taison, pode morar onde quiser. O Estado tem o dever de protegê-la. É claro que precisamos tomar cuidado, a vida aí fora não está para ingenuidades. Só não podemos perder de vista o que é certo e o que é errado. Sob pena de pagarmos um resgate exorbitante pela recuperação da lucidez.