Às vezes, sou repetitivo. Quando escrevo sobre os absurdos de um Estado ineficiente e caduco, geralmente cito o zoológico e a gráfica. Nós, cidadãos gaúchos, somos donos de um parque cheio de máquinas e de um outro cheio de micos, girafas, leões e cangurus. Que orgulho! Bata no peito e grite: "É nosso!".
Outro dia, recebi um e-mail de uma técnica da Fundação Zoobotânica, uma das tantas ameaçadas de extinção pelo pacote do governo Sartori. A servidora me questionava, incisiva e educadamente, por que eu preferia "continuar atacando" o zoo de Sapucaia. O leitor quase sempre tem razão. E ela tem.
Um texto de jornal não esgota uma questão tão complexa. Geralmente, concentro as energias na mesma argumentação: o tamanho do Estado não importa. Importa a sua eficiência naquilo que ele realmente precisa investir: saúde, segurança e educação. Que se traduzem em oportunidades. Ursos, impressoras a laser e tamanduás não se enquadram no critério. Por isso, adotei-os como símbolos.
O que eu não disse, e direi a seguir, é que nada tenho contra os zoos. Pode-se questionar a validade ética de manter animais enjaulados nesses simulacros de ambientes naturais. Mas aí vem o contra-argumento de que muitos já nasceram em cativeiro ou foram apreendidos do tráfico. Não teriam como sobreviver na savana africana, na selva tropical ou no deserto do Saara (camelos). O fato é que eu adoro zoológicos. Mas não gosto da ideia de ver o de Sapucaia mantido pelo nosso Estado miserável e metido a rico.
Que se venda o zoológico a quem sabe cuidar dele. Fechá-lo, jamais. Existem hoje, na FZB, profissionais altamente qualificados, que certamente poderão exercer suas vocações em um ambiente mais estimulante e empreendedor. Vale o mesmo para a Corag.
Eu pego no pé da gráfica e do zoo. Porque eles não largam do meu – e do de todos nós. Simples assim. Insisto: os servidores não têm culpa. Eles são parte da solução e não do problema. O Rio Grande está quebrado. No fim das contas, a situação é mais ou menos assim: se ficar, o bicho pega. Se correr, talvez pegue também. Mas pelo menos a gente tentou.
TROMBADA
Na Argentina, uma ONG atuará como representante legal de três elefantes do zoo de Buenos Aires.A demanda é paquidérmica: reclamações "por maus-tratos e crueldade". No cerne da argumentação, a convicção de que os animais também têm direitos e que estes devem ser defendidos.
ÁGUA NA FERVURA
Os projetos que garantirão a autonomia dos Bombeiros, mais uma vez, ficaram pra depois. Agora, só a aprovação do pacote interessa.
CURVA FECHADA
São vários os motoristas de Uber que não gostaram da nova norma autorizando pagamento em dinheiro. O medo dos assaltos cobra caro.
CONCORRÊNCIA
Uma impressão muito pessoal: melhoraram a limpeza e a cordialidade nos táxis de Porto Alegre. Ainda falta, mas já notei.