
Com ingressos já esgotados, duas sessões do clássico O Fantasma da Ópera (1925) musicadas ao vivo pelo violonista argentino Germán Suane abrem na noite desta quarta-feira (9), no Instituto Ling, a 21ª edição do Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre. Até o dia 27 de abril, o Fantaspoa vai exibir cem longas-metragens em cinco endereços da Capital — além do Ling, integram o circuito CineBancários, Cinemateca Capitólio, Cinemateca Paulo Amorim e Sala Redenção da UFRGS.
Como promete o nome do evento dirigido por João Pedro Fleck, Nicolas Tonsho e João Pedro Teixeira, pode-se dar uma volta ao mundo sem sair da cidade: os títulos representam 42 países, da Austrália ao Uruguai, passando pelos Emirados Árabes Unidos e pela Finlândia. Pode-se também virar a noite sem sair do cinema: no dia 19, na Capitólio, ocorre o tradicional Madrugadão Fantaspoa.
Apesar de ser povoado por monstros, o festival não se restringe ao terror ou à ficção científica. Há comédias, animações, policiais, às vezes documentários e até musicais. Às vezes, o passeio pelos gêneros acontece dentro do mesmo filme. Diretores e roteiristas costumam desafiar o espectador a propor interpretações ou, no mínimo, a descobrir para onde a história está indo — a imprevisibilidade talvez seja a única coisa previsível no Fantaspoa.
A seguir, confira a primeira lista de filmes imperdíveis do 21º Fantaspoa. Vale dizer que suas sessões podem ser as únicas no Brasil: são raros os títulos exibidos no festival que depois têm lançamento comercial no país. Alguns pelo menos chegam ao streaming, mas é melhor aproveitar a edição de 2025 para assistir a estas preciosidades.
7 filmes imperdíveis do 21º Fantaspoa
A ordem é apenas alfabética. Confira a programação completa no site fantaspoa.com
1) Dead Mail (EUA, 2024)

De Joe DeBoer e Kyle McConaghy. Com personagens carismáticos, ainda que não necessariamente exemplares, é um filme de suspense absolutamente envolvente e surpreendente — se eu contar mais, estrago. A história se passa nos anos 1980. Jasper (Tomas Boykin) é um funcionário dos Correios especialista em decifrar endereços ilegíveis em cartas e pacotes. Certo dia, ele depara com um papel ensanguentado que traz um pedido de socorro e que vai abrir um novo universo na trama: o da fabricação de sintetizadores musicais. Sessões no CineBancários, dia 19, às 17h, e dia 25, às 15h
2) Um Fantasma (Irlanda, 2024)

De John Farrelly. Na Irlanda do século 19, Éamon (Tom Kerrisk) e sua filha, a jovem Máire (Livvy Hill), são contratados como cuidadores de uma mansão isolada durante os rigorosos meses de inverno. A tarefa logo vira um pesadelo. Os diálogos em gaélico amplificam o clima sinistro deste filme que remete a dois títulos de Stanley Kubrick: o cenário, a situação e a rendição do pai à bebedeira lembram O Iluminado (1980), e a direção de fotografia, à exemplo de Barry Lyndon (1975), aposta na iluminação natural, incluindo a luz de velas. Sessões na Cinemateca Capitólio, dia 13, às 14h45min, e dia 16, às 16h30min
3) Um Filme de Celular (EUA, 2025)

De Will Sterling. Filmada inteiramente com um celular, a comédia acompanha uma versão fictícia do diretor, roteirista e protagonista Will Sterling, um ator desempregado que tenta impressionar o mundo fazendo um filme com seu celular sobre um ator desempregado tentando impressionar o mundo fazendo um filme com seu celular. Há um punhado de piadas que devem funcionar bem junto a espectadores que adoram os bastidores do cinema. Sessões na Cinemateca Capitólio, dia 12, às 18h15min (com a presença do cineasta), e dia 15, às 14h45min
4) Garota América (República Tcheca, 2024)

De Viktor Tauš. Dedicado às "dezenas de milhares de crianças que cresceram em orfanatos na Tchecoslováquia comunista", é um drama fantástico tão colorido e exuberante quanto amargo e melancólico. A personagem principal, Emma, narra suas memórias. Ela cresceu sem pai e com uma mãe alcoolista que negligencia a criação da menina e de seus irmãos — um é adolescente, e o outro, bem pequeno. Emma passar por um orfanato, por um lar adotivo e por um reformatório, se agarrando à esperança de que seu pai está aguardando por ela nos Estados Unidos. Sessões na Cinemateca Capitólio, dia 16, às 20h30min (com a presença do cineasta), e dia 19, às 13h
5) Lótus (Letônia/Lituânia, 2024)

De Signe Birkova. Em atuação cativante, Severija Janusauskaite encarna Alice von Trotta, que retorna à decadentíssima mansão de seu pai na Letônia de 1919 para vendê-la e começar uma nova vida. Mas ela enfrenta a resistência da governanta e de outros dois empregados, que estão à procura do ouro da família. Aos poucos, Alice também se envolve com um advogado metido a etnólogo e cinéfilo — o que vai levá-la a conhecer a mefistofélica Madame Falstaff, que quer usar os talentos artísticos da protagonista para criar um filme de propaganda. Além de oferecer uma trama que jamais provoca déjà vu, ainda que por vezes careça de foco narrativo, Lótus se destaca por seu visual. A diretora Signe Birkova filmou algumas cenas com uma câmera centenária e homenageia o surrealismo, o Expressionismo Alemão, Méliès (1861-1938) e até Hitchcock (1899-1980). Aliás, o filme é uma grande declaração de amor ao cinema e a seu poder junto à sociedade. Sessões na Cinemateca Capitólio, dia 13, às 18h15min, e dia 17, às 18h15min
6) Rich Flu (Espanha/Chile/EUA, 2024)

De Galder Gaztelu-Urrutia. Este eu ainda não vi, mas recomendo messmo assim porque foi idealizado pela mesma equipe do sucesso espanhol O Poço (2019). Na trama estrelada por Mary Elizabeth Winstead, Rafe Spall, Timothy Spall e Lorraine Bracco, uma doença letal atinge as pessoas mais ricas da Terra, começando pelos bilionários, depois pelos milionários e assim por diante. Como evitar a morte? Sessões na Cinemateca Capitólio, dia 23, às 20h30min (com presença do roteirista Pedro Rivero), e dia 25, às 13h
7) Sanduíche Quente (Uruguai/Argentina, 2024)

De Manuel Facal. Trata-se de uma comédia musical alucinada, sem qualquer tipo de freio moral ou "vergonha imagética". Alan (papel de Alan Futterweit Paz, à vontade e engraçadíssimo), um gordinho de 30 e poucos anos cansado de seu trabalho em uma lanchonete de Montevidéu, embarca em uma viagem a Buenos Aires para vender seu mais valioso boneco de coleção. Junto, escondido em uma parte do seu próprio corpo, o protagonista está levando um pacotinho de cocaína. Claro que a jornada será marcada por uma série de quiproquós hilariantes. De quebra, o filme tira sarro, mas falando sério, dos portenhos. Sessões no CineBancários, dia 26, às 19h (com presença do cineasta, do ator e da atriz e produtora Eva Dans), e dia 27, às 17h
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