
Um dos melhores filmes do 21º Fantaspoa é o terror brasileiro Sob o Domínio (2025), que terá duas sessões na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana. A primeira será nesta quarta-feira (16), às 19h30min, com a presença do diretor e roteirista, o carioca Julio Cesar Napoli. A outra será no dia 22, às 17h30min.
São as primeiras duas exibições mundiais. E podem ser as únicas em Porto Alegre. São raros os títulos do festival que depois ganham lançamento comercial no país. Alguns pelo menos chegam ao streaming, mas é de se duvidar que haja outra oportunidade para assistir a Sob o Domínio.
A não ser que uma empresa distribuidora se apaixone por este filme absurdamente independente: o orçamento declarado é de apenas R$ 3 mil.

Além de escrever e dirigir, Napoli, que já havia participado do Fantaspoa com o curta Pique-Esconde Macabro, da Antologia da Pandemia, em 2020, e com seu primeiro longa, A Última Casa no Topo da Colina, em 2024, assina em Sob o Domínio a edição, a maquiagem, os efeitos visuais, o desenho e a mixagem de som. E divide os créditos da produção e da direção de fotografia com Gabriel Papaléo, que também fez o som direto.

A personagem principal é uma psicóloga, Cris, interpretada com despudor por Raquel Monteiro, atriz que fez um pequeno papel na série Os Outros (2022). Na cena de abertura, a protagonista está ouvindo o relato de um paciente, o padre Paulo (João Santucci, cativante no papel), que, na infância, queria ser policial, mas não pensou nos horrores que teria de ver.
Aí, ele conta sobre um bebê decapitado encontrado na praia, diz que aquilo não sai da sua cabeça e que, de alguma forma, se sente responsável por aquela morte chocante. Quando Cris pergunta se o Mal é uma coisa feita pelas pessoas ou se existe algo além, o padre retruca: afirma que demônios são somente metáforas criadas por religiões diversas para se comunicar com as pessoas. Faz-se um silêncio, e então Paulo revela: "Mas, de uns tempos pra cá, eu tenho ficado com medo. Medo de que talvez eu esteja errado".
A partir daí, surgem coadjuvantes surpreendentes, e Julio Cesar Napoli prova que não é preciso muito dinheiro para dar vida a um filme envolvente e fascinante sobre possessão, ceticismo, hipocrisia e tentação, com direito a momentos genuinamente sinistros.
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