No dia em que a poluição atmosférica na capital da Índia, Nova Délhi, atingiu níveis 60 vezes superiores ao limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que provocou o fechamento de escolas e restrições ao tráfego, a dica é assistir ao filme Tudo o que Respira (All That Breathes, 2022). Disponível na plataforma Max, o documentário concorreu ao Oscar (perdeu para Navalny) e recebeu prêmios nos festivais de Cannes e de Sundance.
A todo inverno no Hemisfério Norte, a megalópole de 30 milhões de habitantes enfrenta picos de contaminação provocados pela fumaça das fábricas, pelos veículos motorizados e pelas queimadas agrícolas sazonais. Nesta segunda-feira (18), os níveis de poluentes PM2.5 (perigosas micropartículas que podem causar câncer e entram na corrente sanguínea pelos pulmões) estavam tão altos, que se formou uma densa nuvem cinza e tóxica sobre Nova Délhi. "Meus olhos arderam nos últimos dias", comentou Subodh Kumar, um motorista de táxi, à agência de notícias AFP. "Com ou sem contaminação, tenho que estar na estrada. Não podemos ficar em casa. Nosso sustento, nossa comida e nossa vida, tudo está ao ar livre."
Dirigido por Shaunak Sen, Tudo o que Respira registra a luta de dois irmãos, Saud e Nadeem, para, na companhia do amigo Salik, proteger e recuperar pássaros conhecidos como milhafres-pretos (black kite), afetados pela poluição que se abate sobre o céu e o ambiente de Nova Délhi. A cidade, mostra o documentário, também sofre com uma escalada da violência de cunho religioso.
Sem lançar mão de narração ou de entrevistas propriamente ditas, o filme estimula a reflexão sobre a relação do homem com a natureza — e com seus semelhantes — e consegue extrair imagens poéticas de ambientes degradados.
É assinante mas ainda não recebe minha carta semanal exclusiva? Clique aqui e se inscreva na newsletter.
Já conhece o canal da coluna no WhatsApp? Clique aqui: gzh.rs/CanalTiciano