De volta ao menu da Netflix, A Bruxa (The Witch, 2015) é um filme de terror que revelou a atriz Anya Taylor-Joy, então com 18 anos, mais tarde premiada com o Globo de Ouro e o troféu do Sindicato dos Atores dos EUA pela minissérie O Gambito da Rainha (2020) e estrela de títulos como O Menu (2022) e Furiosa: Uma Saga Mad Max (2024).
Trata-se do primeiro longa-metragem dirigido pelo estadunidense Robert Eggers, que depois faria O Farol (2019) e O Homem do Norte (2022), em nova parceria com Taylor-Joy, e que no final de 2024 lançará uma nova versão de Nosferatu.
A Bruxa é um expoente contemporâneo do horror folclórico e valeu a Eggers o prêmio de melhor direção no Festival de Sundance. Na Nova Inglaterra do século 17, o cineasta acompanha a jornada de uma família cristã excomungada por causa das atitudes do patriarca, William (Ralph Ineson). Isolados à margem de uma floresta, eles vão cair em desgraça quando o filho caçula, um bebê, é sequestrado por uma feiticeira. A mãe, Katherine (Kate Dickie), desconfia que a filha mais velha, Thomasin (Anya Taylor-Joy), que estava cuidando da criança quando ela sumiu, seja também uma bruxa — acusação reforçada pelos seus irmãos gêmeos menores, sempre às voltas com um bode preto.
Produção barata (custou apenas US$ 4 milhões), o filme é eficaz em recriar a austera vida dos colonos ingleses nos Estados Unidos de princípios do século 17. A cenografia e o figurino encontram eco na fotografia de Jarin Blaschke, calcada na luz natural e de velas, e na música solene de acento sacro de Mark Korven.
Eggers inspirou-se em lendas e em relatos reais da época - como o das chamadas bruxas de Salem (também na Nova Inglaterra, em 1692) e o das freiras possessas de Loudun (na França, em 1634) — para refletir sobre "o medo do poder feminino e o processo de transformá-lo em algo obscuro e mau", como definiu. No seu caldeirão, cozinhado em fogo baixo (não espere cenas de susto fácil), A Bruxa mistura temas como o desabrochar da sexualidade, o fanatismo religioso e o caráter repressor da sociedade, cozinhando influências como os filmes de Ingmar Bergman e a pintura O Sabá das Bruxas (1798), de Francisco Goya.