
Não é de hoje que o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) reclama da abertura indiscriminada de cursos de Medicina ou do aumento da oferta de vagas sem critério. Pelos canais administrativos, o Cremers tentou, sem sucessor, obter informações detalhadas sobre cursos de Medicina que começaram a receber alunos recentemente sem ter ambulatórios e hospitais garantidos para o treinamento dos futuros médicos.
Sem sucesso, o Cremers recorreu à Lei de Acesso à Informação, mas o Ministério da Educação indeferiu o pedido alegando que não poderia ferir “segredos mercadológicos”.
Uma das maiores preocupações do Cremers é com a Faculdade Ideau, aberta em Getúlio Vargas. O presidente do conselho, Eduardo Trindade, diz que o hospital da cidade já está sendo utilizado pelos alunos da Universidade Regional Integrada (URI), de Erechim. Outra é com a Cesuca, que abriu um curso em Cachoeirinha, sem ter um hospital de referência, já que o Padre Jeremias recebe outros alunos de faculdades consolidadas.
A entidade também contesta a abertura de mais vagas pela Ulbra, que só poderia receber 60 alunos por semestre e abriu 240 vagas. Nesta semana, Trindade recebeu um grupo de alunos da Ulbra preocupados porque estão no 5º e 6º semestres e ainda não tiveram aulas práticas de clínica médica.
— Queremos transparência. Precisamos saber quais são os critérios usados pelo MEC, que laboratórios têm essas faculdades e como os alunos terão aulas práticas se os hospitais da Região Metropolitana não têm como absorvê-los — reclama o presidente do Cremers, lembrando que os estudantes precisam ser supervisionados e não está claro como esses novos cursos pretendem fazer.
Trindade lembra que a FSG, de Caxias do Sul, abriu um curso de medicina, mas os hospitais da cidade já estão todos ocupados pelos alunos da UCS.
— Que tipo de médico sairão dessas faculdades se os alunos não tiverem aulas práticas adequadas? — pergunta.
O que também incomoda o presidente do Cremers é ver políticos prometendo abertura de cursos de medicina em cidades pequenas, sem estrutura de laboratórios e ambulatórios.
— Estão fazendo politicagem com a saúde da população — lamenta.