
Por meio de seu assessor Andrade Júnior, o ministro João Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, contesta a interpretação da coluna de que suas frequentes viagens ao Interior fazem parte de um projeto eleitoral, como possível candidato ao Senado ou a governador. Líderes do PP especulam que Nardes antecipará a aposentadoria, prevista para 2027, e voltará ao partido pelo qual foi deputado estadual e federal.
Único ministro gaúcho entre os nove integrantes do TCU, Nardes diz que está realizando visitas a várias cidades na condição de relator do processo do Programa Recupera Rio Grande (TC-008.848/2024-6), que cuida da área dos recursos repassados à Defesa Civil e não em campanha política. O relatório precisa ser apresentado em três meses.
“Desde que assumiu o cargo de magistrado no Tribunal de Contas da União, o Ministro não possui filiação política e sua única preocupação é com o bem-estar do país, independentemente de quem esteja governando’, diz a nota da assessoria.
Como relator, diz a assessoria, Nardes considera fundamental dialogar com todos os envolvidos para entender a real situação dos recursos que chegaram às localidades afetadas e o que está sendo feito para a recuperação. Ele adota essa abordagem em todas as auditorias que conduz, não aguardando apenas a apreciação dos técnicos, pois muitas informações podem ser “esquecidas” ou não observadas.
Neste início de ano, o ministro visitou cidades como São Leopoldo, Espumoso, Ijuí, Panambi, Entre Ijuís, Santo Ângelo, São Luís Gonzaga, Carazinho, Lajeado, Canoas, Capão da Canoa, Porto Alegre e Eldorado do Sul. Em Lajeado, por exemplo, Nardes se reuniu com a prefeita Gláucia Schumacher, em um encontro que contou com a presença de cerca de 20 prefeitos da região, entre eles Estrela, Marques de Souza, Cruzeiro do Sul, Encantado, Boqueirão do Leão, Travesseiro, Pouso Novo, Colinas, Santa Clara do Sul, Bom Retiro do Sul, Progresso, Santa Tereza, Taquari, Dois Lajeados, Imigrante, Capitão e Muçum, muitos acompanhados de seus secretários municipais.
"As insinuações de que essas visitas seriam de cunho político não passam de ilações infundadas, ou como se diz atualmente, fake news. A catástrofe climática recente causou danos severos em todo o Estado, e um relatório de auditoria não pode ser elaborado sentado em uma cadeira em Brasília. É importante ressaltar que o Ministro percorreu vários municípios, das diversas regiões, logo após a catástrofe, permitindo-lhe ver de perto os estragos”, diz a nota.
No PP o retorno do ministro à vida partidária é dado como certo, abrindo vaga para Arthur Lira ou Elmar Nascimento no TCU. Andrade Júnior garante, porém, que são conjecturas. Que ele não decidiu nada e que, a priori, sua disposição é continuar na função que exerce atualmente.