
Assustado com a onda de feminicídios que enlutou a Páscoa dos gaúchos, o governador Eduardo Leite reuniu secretários nesta terça-feira (22), antes de embarcar para Brasília, e cobrou providências pra acelerar medidas de proteção a mulheres vítimas da violência doméstica.
De acordo com o secretário de Justiça, Fabrício Perucchin, uma das medidas discutidas na reunião é a compra de vagas em abrigos municipais para acomodar mulheres que aceitem mudar de cidade para se proteger de companheiros violentos.
Hoje, só existem 14 casas abrigos para mulheres vítimas de violência, em 13 municípios. São duas em Porto Alegre e uma em Bagé, Canoas, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria, Santa Rosa, Três de Maio, Torres, Lajeado, Viamão, Vacaria.
— Nessas casas estão sobrando vagas, mas muitas vezes os municípios não aceitam mulheres de outras cidades — reconheceu Perucchin, referendando as reclamações das delegadas e funcionárias das Delegacias da Mulher.
Outro problema, segundo o secretário, é que muitas mulheres de cidades pequenas não querem ser transferidas para abrigos em outras cidades, longe de suas famílias.
Leite também cobrou providências das secretárias da Educação, Raquel Teixeira, e da Saúde, Arita Bergmann. Raquel concordou que a violência contra as mulheres precisa ser trabalhada nas escolas, não só para orientar os meninos e meninas, mas para identificar casos em que as mães estejam sendo vítimas de algum tipo de violência.
Arita se comprometeu a orientar as instituições de saúde para que fiquem atentas aos casos de mulheres atendidas na rede pública com sinais de violência, mesmo que elas não queiram denunciar os companheiros e aleguem ter caído ou batido em algum móvel.
O secretário da Segurança, Sandro Caron, reafirmou que reduzir o número de feminicídios é uma prioridade da sua gestão. Por isso foi criado o sistema de monitoramento que permite, tão logo a Justiça decrete uma medida protetiva, colocar tornozeleira no homem acusado de violência e fornecer um equipamento à mulher para que identifique se o homem está se aproximando dela.
O equipamento permite que as equipes de segurança recebam o alerta automaticamente quando o agressor se aproxima da vítima. Outra responsabilidade de Caron é aumentar a eficácia das patrulhas Maria da Penha e reforçar as delegacias de atendimento às mulheres.
O governo também quer avançar na preparação de mulheres vítimas da violência para que tenham independência econômica e não precisem se manter presas a casamentos falidos porque dependem do dinheiro dos maridos e companheiros.