
Vereadora eleita com a bandeira do conservadorismo, a policial penal Mariana Lescano (PP) inundou seu Instagram de postagens e comentários agressivos ao Papa Francisco depois de sua morte.
Em um post com várias imagens, em formato carrossel, a vereadora escreveu: “Morreu hoje o Papa Francisco. Que Deus tenha misericórdia de sua alma. Apesar das discordâncias, respeito a figura. Sua morte marca o fim de uma era que, infelizmente, foi marcada por distorções doutrinárias."
As manifestações sobre o mesmo tema sugerem que a vereadora não respeita a figura do Sumo Pontífice — ou não conhece a doutrina da Igreja Católica. Disse ela, na legenda da publicação: “A morte de Francisco marca o fim de uma era confusa e ideológica na Igreja. Que Deus levante um Papa firme na fé, fiel à Verdade e sem rabo preso com a esquerda. É tempo de limpeza espiritual”.
No post a vereadora fala em comunismo infiltrado na Igreja e outras bobagens que se vê com frequência nas redes sociais de militantes da direita radical. Em sua pregação, Mariana escreveu como se fosse senhora das verdades do cristianismo: “Que o próximo Papa seja um verdadeiro pastor. Conservador, fiel à tradição, corajoso. Que limpe os altares da contaminação ideológica e traga de volta a força espiritual que a Igreja tanto precisa”.
O que a vereadora Mariana Lescano esquece é que Francisco seguia as lições de um homem conhecido como Jesus Cristo e do santo que inspirou sua trajetória religiosa — São Francisco de Assis.
Simplicidade, humanidade, respeito aos direitos humanos, defesa da natureza, críticas às guerras são coisas de “comunista”? Não. Quem conhece a história de Stálin, por exemplo, sabe que era um comunista sanguinário e que nem de longe comungaria das ideias do Papa Francisco.
Ah, dirão os seguidores de Mariana, ele era “adepto da ideologia de gênero”. Nada disso. O que o Papa Francisco disse em relação aos homossexuais foi apenas que deveriam ser acolhidos pela Igreja, como pessoas que são, e perguntou: “Quem somos nós para julgar?”.
O Papa visitava prisões. Lavou os pés de presos na Sexta-feira Santa. Que horror para a vereadora Mariana um papa que respeita o direito dos presos e acredita na ressocialização. João Paulo II também o fazia, seguindo os ensinamentos de Jesus.
Francisco pedia o fim da guerra na Ucrânia. Pregava a solução de dois Estados (Israel e Palestina) para acabar com a crise no Oriente Médio. Rezava pelos que morreram em Israel, nas mãos do Hamas, e pelos inocentes mortos na Faixa de Gaza, sobretudo mulheres de crianças. Será que são esses assuntos da vida real que incomodam a vereadora Mariana?
Seus posts dão a entender que ela quer um Papa alienado, que nos fale apenas de céu e inferno, e que não toque nos assuntos terrenos. Talvez um Papa como Pio XII, que lavou as mãos para o nazismo e nada fez para impedir o massacre de judeus, ciganos, gays e todos os que Hitler considerava não terem o direito de existir.