
O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Na metade da semana passada, o vereador Pedro Ruas (PSOL) foi tomado por surpresa quando soube que o amigo Jair Krischke, expoente internacional da luta por direitos humanos, ainda não havia assistido ao filme Ainda Estou Aqui. De imediato, Ruas fez questão de combinar com Jair de levá-lo ao cinema neste domingo (9) para apresentá-lo ao longa brasileiro vencedor do Oscar na categoria filme internacional.
Assim que deixou a sala de cinema do shopping Moinhos de Vento, Jair avaliou que a obra é "impactante, sensível e muito bem feita".
— O filme tem o dom de trazer ao debate o terrorismo de Estado que aconteceu no Brasil. Como não existem políticas públicas de memória e há um negacionismo muito forte, esse filme coloca em discussão na sociedade brasileira e em nível internacional a questão da impunidade e a memória sobre a ditadura — apontou.
O ativista lembrou que outros países da América Latina, como Argentina e Uruguai, puniram os líderes autoritários, o que não ocorreu no Brasil, e afirmou que o filme retrata o drama da família de um dos 434 desaparecidos no regime militar.
—Temos necessidade de nos debruçar sobre esse passado recente porque precisamos consolidar a democracia. Veja o que ocorreu em 8 de janeiro. Se não houver memória, pode-se repetir a tragédia — completou o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH).
Ao lado do amigo, Ruas celebrou o reconhecimento internacional alcançado por Ainda Estou Aqui:
— Estamos há 40 anos lutando por memória, verdade e justiça, e esse filme representa nossa luta.
Protagonizado por Fernanda Torres, o filme narra a história de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido e morto durante a ditadura militar. O drama é inspirado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice.