
Às vésperas de completar quatro anos à frente da Secretaria da Educação, a professora Raquel Teixeira está convencida de que o Rio Grande do Sul nunca esteve tão preparado para dar o salto de qualidade prometido pelo governador Eduardo Leite. Os resultados, garante ela, já começaram a aparecer, mas deverão se materializar mesmo na divulgação do próximo Ideb, quando é esperado um crescimento significativo das notas nas provas de avaliação, combinado com a queda nos indicadores de reprovação e abandono escolar.
Foi por entender que ela precisava terminar o trabalho que começou em abril de 2021 que Leite bancou a permanência de Raquel em um momento em que deputados da base do governo pediam que ela fosse substituída. Para mudar o que precisava ser mudado, a secretária começou por fazer o diagnóstico da situação de cada escola, aluno por aluno. Hoje se orgulha de ter um banco de dados que permite saber exatamente quais são as deficiências de cada um, a tempo de recuperar os conteúdos não aprendidos, para não deixar ninguém para trás.
Sua obsessão por não reprovar é um dos principais motivos de críticas de quem aceita como normal que, em vez de ensinar para que o aluno seja aprovado, o professor se contente em “rodar”, como se dizia no passado. O que a secretária quer dos professores e dos diretores é um compromisso de fazer tudo o que for possível para que o aluno aprenda, porque a reprovação é prima-irmã do abandono escolar.
Foi para melhorar o desempenho dos alunos que a secretária firmou contratos de gestão com todos os novos diretores, estabelecendo a metade de cada escola no Ideb. A ideia é que a escola evolua em relação a ela mesma. Os diretores tiveram de se submeter a cursos de gestão para poder concorrer e assumiram sabendo que a continuidade no cargo dependerá do desempenho.
Para dar suporte aos diretores, foram designados monitores que visitam as escolas, ouvem professores e alunos, registram as queixas e encaminham soluções. A própria Raquel costuma fazer visitas-surpresa às escolas para ver o que está funcionando e o que precisa de intervenção.
— Não é uma pegadinha para ver se há professores e funcionários afastados sem motivo ou se as regras estão sendo descumpridas. Eu não aviso porque se avisar vira evento e não é isso que nós queremos. O que eu quero é ver a escola como ela é no dia dia — explica a secretária.
Na quarta-feira, quando esteve na Federasul, Leite disse que o grande desafio do seu governo é reter os jovens na escola, já que em proficiência o Rio Grande do Sul melhorou e está em quarto lugar no país, mas cai para 25º lugar por causa do fluxo (evasão e repetência).
Entre as medidas adotadas para evitar a evasão está o programa Todo Jovem na Escola, que garante auxílio financeiro para estudantes do Ensino Médio da rede pública estadual, com o objetivo de incentivar a permanência em sala de aula e a conclusão da trajetória escolar. O governo também adotou neste ano o uniforme, fornecido a todos os alunos da rede pública, com a ideia de que isso ajuda as famílias e fortalece os vínculos com a escola.