
Time tradicional no futsal brasileiro, a Assoeva de Venâncio Aires pode estar com os dias contados. A equipe, que foi campeã gaúcha e vice-campeã nacional em 2017, deve encerrar as atividades por questões financeiras.
Segundo o presidente do clube, Engelberto Henn, que assumiu o cargo em dezembro de 2024, uma assembleia geral será realizada com os sócios no dia 31 de março. O mesmo disse que não pode falar sobre o assunto até a data por orientações judiciais.
Fundado em 1982, o clube ganhou destaque no Estado nos anos 2000. Após alguns anos na Série Bronze, a equipe foi promovida à Série Prata em 2006. Três anos depois, estreou na elite do futsal gaúcho.
A nível nacional, a primeira participação na Liga Futsal foi em 2010. Aos poucos, a Assoeva se tornou uma equipe tradicional na competição, atraindo jogadores habilidosos e visibilidade para Venâncio Aires.
O encerramento das atividades
No dia 14 de março, o atual presidente da Assoeva confirmou que as atividades de toda a equipe seriam encerradas. Por uma recomendação jurídica, seria dado baixa no CNPJ, em função, principalmente, de dívidas trabalhistas.
No dia 31 de março, será realizada uma assembleia geral com os sócios para discutir sobre fim da Assoeva. Em contato com a reportagem, Engelberto Henn reafirmou que é pouco provável uma reviravolta no cenário.
Ídolos lamentam
Os problemas financeiros são uma realidade de diferentes clubes do futsal brasileiro. Contudo, a Assoeva escancarou tal deficiência em 2024, quando terminou com a penúltima colocação da Liga Nacional de Futsal (LNF), tendo apenas uma vitória em 23 jogos.
Para 2025, o time cedeu a licença da LNF para o Vélez de Camaquã e teria um foco maior para as categorias de base. Um dos responsáveis seria o ex-jogador Boni, que assumiu como coordenador e técnico do time sub-20. Ele confessou que soube da informação pela imprensa e que estava se planejando para a temporada.

— O sentimento é de muita tristeza, porque a gente sabe o quanto a Assoeva é importante para a comunidade. Então, a gente sente muito, lamenta, fica indignado, porque, a princípio, estava tudo certo. Fiz meu acerto para 2025, contratei atletas, estava com um plano interessante para a nossa comissão técnica. Aí veio a notícia e me pegou de surpresa — disse Boni, que reconhece a credibilidade da diretoria atual, mas afirma que assumiram uma "bomba relógio".
Aos 45 anos, Boni relembra com carinho os anos na Assoeva, entre 2015 e 2023. Ele viveu o ano mais importante da história do clube, em 2017, quando a equipe foi vice-campeã da LNF e conquistou a Liga Gaúcha de Futsal ao superar o Atlântico.
Outro atleta que esteve neste grupo é o ala Valdin, de 45 anos. Multicampeão por clubes e pela seleção brasileira, ele defendeu a equipe de Venâncio Aires em duas passagens. Entre 2016 e 2017, assim como entre 2020 e 2023.

O jogador, assim como Boni, destaca o ano de 2017 como o principal no time. Sobre o encerramento das atividades, ele conta que também foi informado pelas notícias.
— Sinto muita tristeza, pois é um clube que representa uma cidade apaixonada pelo futsal e não poderia acabar dessa forma — disse Valdin, que lembra dos problemas financeiros ainda quando estava no clube:
— Isso é normal, 80% dos times de futsal hoje em dia sofre com problemas financeiros. O problema é saber controlar para não virar uma bola de neve.
Boni segue residindo em Venâncio Aires e pretende seguir trabalhando com o esporte, mesmo após ser desligado da Assoeva. Valdin, que mora em Fortaleza, contou que costuma visitar o município e chamou o local de "segunda casa".