
Quem ouve apenas o discurso da oposição, sem olhar para os indicadores que mostram a saúde de um país, corre o risco de acreditar que o Brasil é uma locomotiva desgovernada caminhando para o abismo.
A situação está longe de ser confortável, mas os números de 2014 a 2024 mostram que há muito mais disputa ideológica do que base real para uma crise de pânico. Isso sem contar as previsões dos economistas, que erram tanto em relação à inflação quanto nas projeções de crescimento da economia, seja por impacto de medidas internas, seja por influência externa.
Comecemos pela inflação medida pelo IPCA e que tem sempre forte impacto do preço dos alimentos, hoje uma das maiores preocupações do cidadão. Em 2024, o IPCA fechou em 4,83%. Em 11 anos, é o sexto índice mais alto. Os piores anos foram: 2015 (10,67%), 2021 (10,06%), 2014 (6,41%), 2016 (6,29%) e 2022 (5,79%).
Mesmo que se considere a inflação acumulada nos últimos 12 meses (fevereiro a fevereiro), o índice é de 4,96%. É verdade que café e ovos tiveram uma explosão de preços, mas não se trata de alta generalizada.
Nesse mesmo período, a economia também teve solavancos. Em 2024, o PIB cresceu 3,5%, segundo projeção do Banco Central, muito acima das previsões dos economistas. No período foram registrados três anos com variação negativa: 2015 (-3,5%), 2016 (-3,3%) e 2020 (-3,3%). No período, o índice de 3,5% só não é maior do que os 4,8% de 2021, que explicam por que a base de 2020 (ano da pandemia) foi muito baixa.
O juro está alto. Está. É um dos mais altos do mundo — e não é de hoje. Para conter a inflação, o Banco Central elevou a Selic, que está em 13,25% (fechou dezembro com 12,25%). Em dezembro de 2015, foi a 14,25%. O segundo maior índice ao final do ano foi o de 2022 (13,75%). O mais baixo, 2% em 2020, o ano atípico da pandemia.
Por fim, o desemprego. Hoje o Brasil registra uma das menores taxas de desemprego da história e falta mão-de-obra em setores específicos de vários Estados. O índice apurado ao final de 2024 foi de 6,6%, o mais baixo dessa série. Os anos mais difíceis foram os de 2021 (14%), 2020 (13,8%), 2017 (12,6%) e 2018 (12,2%).
Há outros dados que não podem ser desprezados. De 2022 a 2023, o percentual da população brasileira com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha de pobreza adotada pelo Banco Mundial caiu de 31,6% para 27,4%. Os dados de 2024 ainda não estão disponíveis.
Os números sugerem que a queda de popularidade do presidente Lula não se explica pelos dados da vida real, mas por erros políticos que a oposição explora exaustivamente e com muita competência. Ou pelas promessas de campanha que o presidente não deveria ter feito porque não domina todas variáveis que impactam no dólar por exemplo.