
Na lista de especulações sobre quem vai assumir a Secretaria-Geral de Governo, nome da vez é o do deputado Guilherme Boulos (PSOL), candidato derrotado por Ricardo Nunes (MDB) na eleição para prefeito de São Paulo. Antes dele, foram cogitados Paulo Pimenta (demitido da Comunicação), Gleisi Hoffmann (nomeada ministra de Relações Institucionais) e o advogado Marco Aurélio Carvalho, do grupo Prerrogativas. Todos têm em comum o fato de serem pessoas de confiança de Lula.
Ainda que a eventual nomeação de Boulos venha a ser interpretada como uma “guinada à esquerda” e criticada pelo mercado financeiro, seria uma escolha lógica. Essa secretaria com status de ministério não faz articulação com a Faria Lima nem com os barões da indústria ou com os líderes do agronegócio.
Na estrutura do governo Lula, a Secretaria-Geral faz a interlocução com os movimentos sociais. E Boulos tem mais expertise para esse tipo de relação do que o atual ministro, Márcio Macêdo.
Por ter sido líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e organizado invasões de prédios abandonados, Boulos tem mais inserção nos movimentos sociais do que Macêdo, Pimenta, Gleisi ou Carvalho. Pode ser bom para o governo ter alguém que os movimentos sociais respeitem.
A questão é outra: será que Bolos aceitaria ir para o sacrifício por uma mandato de apenas 13 meses, já que teria de sair no início de abril de 2027 se quiser ser candidato a algum cargo na eleição de outubro?
O que Boulos teria a ganhar? A rigor, quase nada. A Secretaria-Geral é uma pasta que depende das outras para atender às demandas dos movimentos sociais. Logo, Boulos ministro poderia comprometer a própria carreira política se aceitar ser o interlocutor e não conseguir entregar o que a população espera.