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A mesma pesquisa Quaest que detectou queda na popularidade do presidente Lula constatou que a maioria dos governadores tem sua gestão amplamente aprovada pelos eleitores. No caso do gaúcho Eduardo Leite, a aprovação é de 62%, para uma reprovação de 33%, enquanto 3% não souberam opinar. A pesquisa foi feita entre 19 e 23 de fevereiro, com 1.104 eleitores de 16 anos ou mais, e tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Com outra formulação, o governo Leite foi considerado positivo por 40% dos entrevistados, regular por 39% e negativo por 16%. Como se explicam esses números?
Para começo de conversa é importante lembrar que Leite está no sétimo ano de governo e que a maioria dos governadores reeleitos teve boa avaliação na pesquisa Quaest. Há outros em situação ainda melhor, como Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, com 86% de aprovação, ou Ratinho Júnior (PSD) do Paraná, com 81%.
Há pelo menos 10 fatores para explicar o bom desempenho de Leite na pesquisa. A saber:
- Em mais de seis anos de governo (incluindo os nove meses de Ranolfo Vieira Júnior em 2022) não houve nenhum grande escândalo de corrupção, o que em geral corrói a popularidade.
- Leite está colhendo o que plantou no primeiro mandato com as reformas administrativa e previdenciária. Colocou os salários em dia, reestruturou carreiras, deu reajuste para a maioria dos professores e começou a investir.
- Todas as semanas, o governador ou seus secretários fazem entregas no Interior. São estradas, pontes, equipamentos para hospitais. Leite faz questão de ir nessas inaugurações para marcar presença junto às comunidades. Nos eventos, tira fotos com todos os que pedem uma lembrança e ainda se oferece para fazer selfie no telefone da pessoa.
- O governador é um comunicador nato e expert em redes sociais. Sabe o efeito de cada palavra dita em uma entrevista ou de um post no Instagram ou no X. E tem uma equipe colada nele o dia inteiro, indicando o tipo de publicação que pode render cliques, curtidas e comentários.
- Em tempos de radicalização, Leite manteve-se ao centro. É um sujeito cortês, que desarma os críticos mais ácidos. Conversa com líderes de todos os partidos na Assembleia e, por não ter projetos mais polêmicos neste mandato, enfrenta uma oposição moderada.
- Acertou na comunicação, que consegue mostrar o que está sendo feito em diferentes plataformas.
- Por mais paradoxal que pareça, acabou sendo beneficiado pela enchente. Com a suspensão do pagamento da dívida por três anos, o governo tem para investir um dinheiro que não teria em situação normal.
- A economia do Rio Grande do Sul vai bem, apesar do impacto negativo da seca e da enchente para o agronegócio. O ICMS cresceu acima do previsto em 2024. O PIB também.
- Graças aos investimentos federais na recuperação do Estado e no crescimento da economia, o índice de desemprego é um dos mais baixos da série histórica.
- Com o Plano Rio Grande, o governo mostra que tem um norte e planos de curto, médio e longo prazos para o Estado.
Essa avaliação positiva sugere que, se for candidato ao Senado, o governador tem grandes possibilidades de ser eleito. Como seu desejo é a Presidência da República, os 62% têm baixo impacto, porque antes ele precisa arranjar um partido e outros possíveis candidatos ao Planalto têm avaliação igual ou melhor nos seus Estados, caso de Caiado, em Goiás, Ratinho Júnior no Paraná, Tarcísio de Freitas em São Paulo e Romeu Zema em Minas Gerais.