Responsável por uma das áreas mais sensíveis de qualquer governo, a secretária da Educação, Raquel Teixeira, virou alvo dos aliados do governador Eduardo Leite, que pedem a sua substituição alegando que “as entregas estão abaixo da expectativa”. Raquel não cogita de pedir o boné, convencida de que está fazendo o trabalho necessário para melhorar os índices de aprendizagem no Rio Grande e reduzir a evasão e a repetência, dois elementos que pesam no resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb.
— Meu compromisso com o governador vai até o ano que vem, quando ele deve sair para concorrer. Comigo mesma, o compromisso é ficar até o próximo Ideb, que deve apresentar uma melhora significativa — disse Raquel à coluna.
Os que desejam a saída de Raquel admitem que ela é muito boa em pedagogia, tem conhecimentos profundos e experiência na educação, “mas não é gestora”. Uma das sugestões é que a secretária seja mantida no Gabinete do Governador, como “consulta de alto nível”, e substituída por alguém com mais experiência de “chão de fábrica”. Um dos aliados disse que Leite gosta muito de Raquel e, talvez por isso, ela continue à frente da Secretaria.
Um dos movimentos feitos por Leite no segundo governo foi tirar de Raquel a gestão sobre as obras nas escolas, para que ela pudesse ter dedicação exclusiva à parte pedagógica. As obras passaram para a secretária de Obras, Izabel Matte, quando a pasta era o patinho feio do governo, com muito trabalho e orçamento curto. Agora com as obras de reconstrução, a pasta virou objeto de desejo dos políticos aliados, mas não há sinais de que Leite venha a abrir mão do trabalho de Izabel.
Além do apreço de Leite por Raquel, uma das dificuldades admitidas pelos aliados governo é encontrar um nome à altura para substituí-la, faltando menos de dois anos para terminar o governo. Duas ex-prefeitas são cogitadas para o cargo: Paula Mascarenhas (PSDB), de Pelotas, e Fátima Daudt (MDB), de Novo Hamburgo. As duas foram convidadas para integrar o primeiro escalão, mas sem definição de secretarias. Paula, que é professora da Universidade Federal de Pelotas cedida ao Estado, está temporariamente na Secretaria de Relações Institucionais. Fátima não quis agora e pediu tempo para descansar depois de oito anos de mandato.
Na reforma do secretariado está prevista a substituição do secretário de Justiça e Direitos Humanos, Fabrício Perucchin, por uma “reacomodação de forças”, já que seu partido, o União Brasil, estaria com representação superior ao seu peso no Legislativo. A reforma do secretariado será tratada no retorno do governador, que está em férias até o dia 16, mas não tem data para ser concretizada. O PSDB gostaria de acomodar também o ex-prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, que elegeu o sucessor, Rodrigo Decimo, seu vice no segundo mandato.