A mentira repetida tantas vezes nas redes sociais virou verdade para milhões de brasileiros e o governo foi obrigado a revogar a medida que colocava uma lupa sobre as movimentações financeiras, incluindo o Pix. Foi uma capitulação que ilustra uma das afirmações do novo ministro da Comunicação, Sidônio Palmeira, quando convidado para substituir Paulo Pimenta. Sidônio disse, com outras palavras, que o governo precisava ser mais ágil; que na era digital ainda se comunicava de forma analógica.
O caso do Pix é exemplar. A determinação para as instituições financeiras informarem transações acima de R$ 5 mil foi comunicada de forma burocrática. Nas mãos de opositores de má-fé, virou uma arma contra o governo. Deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) fizeram vídeos mentirosos, uns dizendo que o governo iria taxar o Pix, outros que estava coletando dados para cobrar imposto de pedreiro, carpinteiro, verdureiro e outros trabalhadores informais.
De nada adiantaram as explicações da Receita Federal, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dos especialistas em economia. O boato se sobrepôs ao fato. As movimentações com Pix despencaram, seja por medo do Fisco, seja pelo temor de que as transações acima de R$ 5 mil seriam taxadas.
Vendo que perdera a batalha da comunicação, Haddad não teve saída. Revogou a orientação anterior e anunciou a edição de uma medida provisória para reforçar as regras já existentes sobre as transações financeiras via Pix, de forma a torná-las mais claras para a população.
E o que fizeram alguns deputados de má-fé? Passaram a se gabar de ter conseguido derrubar o que nunca existiu. Usaram o recuo do governo para se promover e dizer que tinham razão. São os mesmos que, quando se fala em algum tipo de regulação nas redes sociais, para evitar a propagação de mentiras, se esganiçam dizendo que estamos vivendo a ditadura de toga ou que “querem acabar com a liberdade de expressão”.
Ora, liberdade de expressão não é liberdade para mentir, distorcer, enganar e tumultuar o cenário econômico com fake news. O nome disso é má-fé, mas também podem chamar de falta de caráter.