Na matemática, a maior jazida de votos disponíveis no segundo turno em Porto Alegre não são os 136.783 votos obtidos por Juliana Brizola (PDT), e que tendem a se dividir entre Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT).
É o imenso contingente de eleitores que simplesmente não quis sair de casa para votar no último domingo ou que foi às urnas para apertar a tecla “branco” ou digitar um número inexistente. Esses somam 401.935. É mais do que os votos de Melo e Felipe Camozzato (Novo) somados — ou do que de Juliana e Maria do Rosário juntos.
É fantasia imaginar que todos os eleitores que não votaram no primeiro turno sintam-se motivados a votar no segundo. Mas como o segundo turno é outra eleição, cada voto conta. Tampouco é crível que todos os que votaram nulo ou branco tendo oito candidatos para escolher resolvam escolher um dos dois finalistas, só porque rejeitam um ou outro. Conquistar parte desses votos é possível, desde que nos debates, entrevistas e programas eleitorais do segundo turno os concorrentes mostrem que merecem um voto de confiança.
Ainda que os eleitores não votem a cabresto dos líderes partidários, é tradição nas relações políticas procurar os caciques a partir do dia seguinte à eleição para buscar apoio. Esses encontros rendem fotos e declarações que podem alavancar as candidaturas. Não por acaso, Melo ligou para o governador Eduardo Leite e, comentou o apoio dele a Juliana Brizola no primeiro turno e disse que os dois ficaram “quites”, relembrando o episódio de 2022, quando trabalhou pela eleição de Onyx Lorenzoni contra o tucano.
Juliana Brizola deverá ser procurada pelos dois. Maria do Rosário conversou com o ministro da Previdência, Carlos Lupi, para dizer que gostaria de contar com o apoio do PDT. Não falou com Juliana porque a candidata recolheu-se após a contagem dos votos e a petista optou por “respeitar o seu momento”. Melo já procurou Felipe Camozzato (Novo), mais por formalidade do que por alguma dúvida de que os 26.603 votos obtidos pelo deputado liberal possam se transferir para o PT.
É assinante mas ainda não recebe minha carta semanal exclusiva? Clique aqui e se inscreva na newsletter.