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Quando se cogitou transferir a eleição de outubro por causa da catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), desembargador Voltaire de Lima Moraes foi contra. Argumentou que se criaria uma confusão jurídica, com a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos, sem resolver o problema das cidades atingidas, porque ninguém sabe por quanto tempo vai durar o processo de reconstrução.
– Estamos seguros de que é possível realizar a eleição e levar esse processo a bom termo, mesmo com todas as dificuldades que teremos – reafirmou o desembargador nesta segunda-feira (17) em conversa com jornalistas do Grupo RBS.
Voltaire e os demais integrantes da diretoria vêm conversando com os juízes eleitorais das regiões mais afetadas pela enchente para identificar os problemas e buscar soluções. Na mais recente conversa com os juízes de Eldorado do Sul e Guaíba, o desembargador ficou aliviado ao ouvir que as dificuldades serão menores do que se esperava.
– Teremos que trocar algumas seções de local, onde escolas e instituições públicas foram alagadas –diz o presidente do TRE-RS.
Nos próximos dias haverá nova rodada de diálogo com os juízes eleitorais de Lajeado, Estrela, Encantado e Arroio do Meio, responsáveis também pela eleição em cidades arrasadas pela enchente, como Muçum e Roca Sales. No dia 5 de julho, o TRE-RS levará toda a sua equipe para uma audiência pública em Lajeado, reunindo juízes eleitorais, chefes de cartório, prefeitos e presidentes de câmaras de vereadores de todo o Vale do Taquari.
As maiores preocupações da Justiça Eleitoral na eleição de outubro são a abstenção, a possível falta de mesários, as fake news e a fraude às cotas de gênero. O desembargador vai lançar diferentes campanhas para conscientizar os eleitores. A primeira delas será conclamando voluntários para o papel de mesários, já que não se sabe qual a situação das pessoas que colaboraram nas eleições passadas. Outra é de esclarecimento sobre a importância de votar, já que será a eleição dos gestores da cidade em que as pessoas vivem. A campanha contra as fake news é uma ação permanente da Justiça Eleitoral, que tem até um comitê específico para isso.
A grande novidade é a criação, no dia 1º de julho, de um comitê de combate à fraude no preenchimento das cotas de gênero.
– Não podemos admitir que em pleno século 21 as mulheres sejam usadas pelos partidos –avisa o presidente.
ALIÁS
Adepto da defesa do meio ambiente desde que era promotor em Uruguaiana, nos anos 1980, o desembargador Voltaire de Lima Moraes acredita que a tragédia vivida pelo Rio Grande do Sul obrigará os candidatos a prefeito a tratarem com seriedade o tema das mudanças climáticas e da prevenção a seus efeitos.