A notícia do acerto entre o PL e o prefeito Sebastião Melo (MDB), com a promessa da vaga de vice ao partido, surpreendeu o presidente do PP de Porto Alegre, Vitor Alcântara, o Vitinho.
"Nos causa grande estranheza a notícia que garante a candidatura de vice ao PL, sendo que ao ficar vaga esta posição, segundo o próprio prefeito, este tema seria discutido internamente com o partidos da base", escreveu Vitinho à coluna.
O presidente do PP ficou ainda mais intrigado porque o nome citado como preferencial para a vaga de vice, tanto por Melo (que a convidou) quanto pelo PL, é o de Simone Leite, ex-presidente da Federasul, definida por ele como "progressista filiada historicamente e com alto prestígio e credibilidade em todas as posições que já ocupou".
"Temos certeza de que o prefeito, como sempre fez, cumprirá seus acordos e fará o debate necessário junto à base que lhe dá sustentação, sem correr riscos de, ao garantir algo dessa natureza, sem diálogo, ter prejuízos maiores na composição de uma ampla aliança", acrescentou o presidente do PP.
Melo prometeu diálogo e busca de consenso, mas nos bastidores as negociações estão mais avançadas. Como o PP foi o primeiro entre os grandes partidos a garantir apoio à reeleição de Melo, o partido entende que tem direito à vaga. Lá atrás, o PP não pediu a vaga de vice porque acreditava que o candidato seria novamente Ricardo Gomes. No momento em que Gomes deixou o PL e avisou que não será candidato neste ano, o PP entendeu que jogo tinha voltado à estaca zero, mas não.
Nos últimos dias, o PP perdeu relevância na Câmara. Tinha três vereadores e ficou com apenas uma, Mônica Leal. Comandante Nádia foi para o PL e Cassiá Carpes para o Cidadania. Vitinho sequer foi consultado por Nádia antes de a vereadora formalizar a troca. A própria Mônica tem restrições à condução do partido em Porto Alegre e chegou a pensar em sair, mas falou mais alto a ligação com a antiga Arena, origem do PP, e partido de seu falecido pai, Pedro Américo Leal.
Não é só em Porto Alegre que o PL está avançando sobre o território do PP. No Interior também. Somente após 6 de abril se saberá o tamanho do estrago.