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Agora oficialmente dona da Corsan, a Aegea quer fazer do Rio Grande do Sul a sua laranja de amostra, de olho em privatizações em outros Estados e futuros contratos com municípios que hoje têm serviços próprios de fornecimento de água e tratamento de esgotos.
Ao longo dos meses em que ficou impedida de assinar o contrato, por ações movidas especialmente pelo Sindiágua, a empresa pouco falou publicamente, mas fez reuniões com empresários, políticos e formadores de opinião para mostrar como pretende trabalhar para cumprir as metas de saneamento.
A partir desta segunda-feira (10), serão apresentados os planos de trabalho, os investimentos a serem realizados até o final do ano e a previsão de geração de empregos diretos e indiretos. Quando venceu a licitação, da qual foi a única concorrente, a Aegea planejava investir R$ 1,5 bilhão no primeiro ano, mas no atraso de quase meio ano na assinatura do contrato alterou o cronograma.
Uma coisa é certa: o nome Corsan será mantido e o investimento anual será quadruplicado. A Aegea também pretende preservar as caixas d’água, que são uma marca registrada da empresa nas cidades gaúchas. Em futuras licitações, dentro ou fora do Rio Grande do Sul, a Aegea vai participar por meio da Corsan.
O grupo tem 12 mil funcionários e atua em 13 Estados do Brasil, que somam 30 milhões de habitantes. Com os 5 mil da Corsan, serão 17 mil em todo o Brasil. Para os servidores qualificados da Corsan, a privatização pode significar novas perspectivas na carreira, já que poderão ser promovidos para ocupar cargos de gerência em outros Estados. A Corsan será a segunda maior operação da Aegea no Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro.
Aliás
Dois personagens gaúchos trabalharam de forma incansável para remover os obstáculos que impediam a assinatura do contrato de compra e venda e da Corsan: o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, e o advogado Fabiano Dallazen, que deixou o Ministério Público para trabalhar na Aegea.
Sem pai nem mãe
A Corsan privatizada vai atender os 317 municípios com os quais já tinha contrato. Outros 170 terão de encontrar caminhos para cumprir o marco regulatório que prevê a universalização do saneamento até 2033. Os prefeitos terão de buscar uma solução economicamente viável, mas o governo estadual deverá fazer a mediação para não deixar essas cidades sem pai nem mãe.