A diferença não poderia ser mais gritante. Sai Damares Alves, com seu fanatismo religioso e seus preconceitos,entra Silvio Almeida, ativista dos direitos humanos e da igualdade racial. No discurso de posse, o novo ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania fez questão de marcar as diferenças com a antecessora e disse que “todo ato baseado no ódio será revisto” por ele e pelo presidente Lula.
— Quero ser ministro de um país que coloca a vida e a dignidade em primeiro lugar — disse o ministro, em um dos trechos mais aplaudidos do discurso em que começou falando de sua origem negra.
Em outro trecho, avisou:
— Não permitiremos que o ministério permaneça sendo utilizado para reprodução de mentiras e preconceitos. Chegamos ao cúmulo de ver a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos sendo usada para propagar discursos contra políticas de vacinação. Não mais. Essa era se encerra neste momento. Acabou!
Na direção contrária de Damares, que focava a atuação do ministério em questões morais, com simplificações como “menino veste azul, menina veste rosa”, o ministro afirmou que “direitos humanos não é pauta moral, é pauta política, não é um emblema, é a oportunidade de o Estado cumprir o que está na Constituição".
— Recebo hoje um ministério arrasado. Conselhos de participação foram reduzidos ou encerrados, muitas vozes da sociedade foram caladas, políticas foram descontinuadas e o orçamento voltado para os direitos humanos foi drasticamente reduzido. Como crueldade derradeira, a gestão que se encerra tentou extinguir, sem sucesso, a Comissão de Mortos e Desaparecidos. Não conseguiu — discursou Silvio.
De Damares nunca se ouviu uma condenação explícita à tortura, até porque seu chefe, o ex-presidente Jair Bolsonaro, tinha o coronel Brilhante Ustra, notório torturador, como um dos seus ídolos.
O ministro planeja formular planos nacionais para pessoas com deficiência, idosos e outras minorias. Uma das preocupações é com as crianças e adolescentes órfãos da covid-19. Também deverão ser elaborados programas focados em adolescentes e pessoas em situação de rua.
Férias sem sossego na Flórida
Não será surpresa se o ex-presidente Jair Bolsonaro encurtar a temporada de férias na casa do ex-lutador José Aldo, em Orlando, na Flórida. Por causa do assédio de curiosos, simpatizantes e adversários, Bolsonaro passa os dias trancado na casa, sem conseguir aproveitar a estrutura de lazer do condomínio. Além de apoiadores, na segunda-feira (2) um pequeno grupo parou em frente à casa e algumas pessoas gritaram “genocida”.
Os seguranças avisaram que ele não iria sair porque estava “digerindo tudo o que está acontecendo”.
— Eu tô aqui há quatro anos, tentando digerir — respondeu uma das mulheres do grupo, sem deixar claro a que se refere.
Até agora, nem a esposa Michele nem a filha menor do presidente, Laura, foram vistas pelos vizinhos.
Um mês na Câmara
Com as posses de Lula e Eduardo Leite, o Rio Grande do Sul terá dois novos deputados federais até o final de janeiro. Marco Maia (PT) volta à Câmara no lugar de Paulo Pimenta, nomeado ministro da Secretaria de Comunicação Social. Márcia Scherer (MDB) assume no lugar de Giovani Feltes, novo secretário estadual da Agricultura. Ambos serão parlamentares de um mês só, visto que a nova legislatura começa em fevereiro.
Danrlei de Deus (PSD) assume a secretaria estadual do Esporte e Lazer apenas em fevereiro, abrindo vaga para o suplente Luciano Azevedo.