Os números obtidos nas urnas pelos candidatos que disputaram a eleição para governador explicam a liderança de Eduardo Leite (PSDB) na segunda pesquisa do Ipec. Com mais entrevistas do que na rodada anterior (agora foram 1,2 mil questionários aplicados), o Ipec constatou que Leite mantém os 50% de intenção de voto do levantamento anterior na estimulada. Seu adversário, Onyx Lorenzoni (PL) caiu de 43% para 41%, variação ocorrida dentro da margem de erro de três pontos para mais ou para menos. Somente 5% dos entrevistados manifestaram a intenção de votar branco ou nulo e apenas 3% disseram estar indecisos.
A matemática dá sentido ao resultado da pesquisa: os votos que estão em disputa neste segundo turno são majoritariamente os de Edegar Pretto (PT) no primeiro turno. Foram 1.700.374 — 2.441 votos a menos do que os obtidos por Leite.
O PT, embora tenha declarado neutralidade, recomendou expressamente aos filiados que não votem em Onyx. Os dois ex-governadores petistas, Tarso Genro e Olívio Dutra, abriram voto para ao tucano e apresentaram justificativas sólidas aos olhos dos seus eleitores. Os deputados Fernando Marroni e Luiz Fernando Mainardi também declararam apoio a Leite.
Embora os eleitores de Pretto não precisem da orientação de um líder para dizer em quem devem votar, há um traço em comum entre eles: a rejeição ao bolsonarismo.
No primeiro turno, parte dos eleitores de Jair Bolsonaro votou em Leite, mas a maioria ficou com Onyx, que chegou em primeiro lugar, com 37,5% dos votos válidos. Seu espaço para crescer é, portanto, limitado aos eleitores de Luis Carlos Heinze (PP), Roberto Argenta (PSC) e, em menor volume, de Ricardo Jobim (Novo).
Quando se converte as intenções de voto para válidos, o que permite comparar com os percentuais do TSE, Leite vai a 55% e Onyx fica nos 45%. Conclusão: além de herdar os 4,28% de Heinze e os 2% de Argenta, o candidato do PL ainda pode ter algum eleitor que desistiu de Leite por ele não fechar com Bolsonaro, mas essa possível perda foi amplamente compensada pelos votos dos eleitores de Pretto.
A favor de Leite há outros dois fatores: a propaganda de rádio e TV, que comunica melhor, e o desempenho nos debates. Pegou mal o comportamento do ex-ministro, que se recusou a cumprimentar o adversário após o debate da Rádio Gaúcha. A falta de propostas de Onyx foi notada no debate da Federasul até por tradicionais aliados dele.