
Nascido da consciência de um grupo de pessoas de que só a educação trará desenvolvimento social e econômico para o Rio Grande o Sul, o pacto lançado nesta terça-feira (31) na Casa de Cultura Mario Quintana é dessas iniciativas mobilizadoras que não podem ficar apenas nas boas intenções. O que se tem nesta largada é uma disposição genuína de empresários, professores, líderes políticos e cidadãos sem título de contribuir para que crianças e adolescentes tenham uma educação compatível com as necessidades do século 21.
Apesar do desgaste da palavra “pacto”, os idealizadores do movimento estão dispostos a provar que, sim, é possível transferir a prioridade à educação do discurso para a prática. É simbólico que o local escolhido para o lançamento tenha sido a Casa de Cultura Mario Quintana, assim batizada porque no prédio do antigo Hotel Majestic viveu o poeta. Os envolvidos sabem que leitura é o ponto de partida para o sucesso em qualquer profissão. Analfabetos não prosperam e o mundo moderno exige não só o letramento convencional, mas também digital. Isso requer não apenas escolas equipadas, mas espaços em que se possa oferecer o conteúdo indisponível nos cursos regulares.
Como bem disse a professora Mônica Timm de Carvalho, uma das porta-vozes desse movimento, não se está querendo impor nada às escolas, mas oferecer o capital que cada voluntário tenha para aportar.
Essa é a beleza do pacto que está sendo proposto: uma proposta aberta, da qual resultarão projetos que começam a tomar forma nos próximos 30 dias. Quem tem alguma coisa a oferecer, se inscreve como apoiador, indica formas de ajudar e os organizadores enquadrarão essa oferta em algum dos projetos que nascerão dessa tempestade de ideias.
Se uma grande empresa pode fornecer computadores, outra pode bancar a formação de professores. Se uma professora aposentada está disposta a contar histórias, um engenheiro pode se dispor a fazer projeto para melhorar a estrutura física da ONG que oferece aulas de programação para os adolescentes. As possibilidades de colaboração são infinitas, desde que haja abertura do poder público para receber ajuda e da sociedade para mudar a cultura do “não dá” ou “isso é problema do governo”.
Os candidatos ao governo do Estado deveriam ser os primeiros a buscar os idealizadores do pacto conversar sobre educação, já que todos dirão nos palanques que é prioridade. No lançamento, apenas Beto Albuquerque (PSB) esteve presente.