
Antes de ser diagnosticada com um linfoma que, felizmente, está em remissão há dois anos, eu era doadora de sangue. Doava quando algum conhecido precisava, quando me emocionava com um pedido de doação para criança ou simplesmente para reforçar o Banco de Sangue da Santa Casa. Agora que não posso mais, faço campanha entre os que podem fazer esse gesto de generosidade.
Se você já teve alguém da família precisando de sangue deve saber a emoção que é ver cada gota pingando para fortalecer um parente debilitado. Estou vivendo esse momento com uma pessoa querida que precisa de transfusões diárias.
Nessa hora, a gente pensa que um doador anônimo se dispôs a tirar algum tempo do seu dia para sentar-se numa cadeira por meia hora e entregar uma parte do seu corpo que salva vidas e que se recompõe em poucos dias. Também já doei plaquetas para um amigo que sofria de leucemia e enquanto ele viveu me presenteava com pastéis de nata como forma de gratidão.
Nem todos podemos doar sangue, porque há restrições por problemas de saúde ou de idade, mas temos outras formas de ajudar quem precisa. Agora mesmo, chegou a hora de acertar as contas com o Leão do Imposto de Renda. Em vez de deixar tudo no saco sem fundo que alimenta as mordomias em Brasília, faço questão de destinar 6% do valor devido para instituições da minha confiança que cuidam de crianças, mas também podem ser de atenção a idosos.
Os fundos da criança e do idoso garantem a manutenção de ONGs que vivem da solidariedade. E o dinheiro fica aqui, perto de nós, sendo aplicado por pessoas que doam seu tempo a essas instituições.
Tempo. Eis aí outra coisa que podemos doar, mesmo que eventualmente. Quase todas as instituições precisam de voluntários _ até para contar histórias e ler para crianças ou idosos.
E mesmo quando chegamos ao fim do caminho, podemos ser úteis doando nossos órgãos que podem salvar vidas em vez de virar cinza ou misturar-se a terra. Basta dizer à família que você é doador. E se quiser saber mais sobre a importância de doar, faça contato com a ONG ViaVida.
Publicamente reafirmo minha condição de doadora. E se nada servir para alguém que está na fila do transplante, que seja meu corpo para uma faculdade de medicina — se ainda for útil em um futuro dominado pela tecnologia.