
A maioria dos prefeitos do Rio Grande do Sul concorda que não há clima para realizar a eleição em outubro, mas não está satisfeita com o adiamento para novembro. O presidente da Famurs, Eduardo Freire, diz que, para a evolução da pandemia, faz pouca diferença adiar o primeiro turno em 40 dias (de 4 de outubro para 15 de novembro) e o segundo de 25 de outubro para 29 de novembro.
Freire gostaria que a eleição ficasse para 2021, mas os presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), optaram pelo mês de novembro, de forma a evitar a prorrogação dos mandatos. A proposta de emenda à Constituição (PEC) foi aprovada em primeiro turno no Senado, mas enfrenta resistência na Câmara, onde os prefeitos conseguem se expressar por meios dos deputados de sua região.
Além da incerteza em relação à evolução da pandemia, que faz aumentar a preocupação com a segurança na campanha eleitoral e no dia da eleição, os prefeitos têm outros motivos para não apoiar a realização do pleito em novembro. Uma delas é o tempo escasso para fechar as contas, já que este é um ano particularmente difícil para as prefeituras, que já vinham com problemas de caixa.
Outro, é a dificuldade para a transição. Os eleitos terão apenas um mês, com um feriadão de quatro dias no Natal e a posse em meio ao feriadão de Ano Novo, em plena sexta-feira.
O que os prefeitos só dizem em conversas reservadas, mas é comum à maioria dos candidatos à reeleição, é que em novembro a pandemia poderá estar sob controle, mas as finanças das prefeituras estarão no fundo do poço. Isso cria um clima propício tanto para os vendedores de ilusão e engenheiros de obra pronta, que farão a campanha dizendo que teriam soluções que os prefeitos não tiveram.
Há preocupação, também, com o risco de compra de votos nos municípios menores, com candidatos se aproveitando do estado de vulnerabilidade dos eleitores afetados pela crise.
Curiosamente, na oposição, o adiamento também é visto com ressalvas pelo temor de que a visibilidade garantida nos meios de comunicação aos prefeitos, para falar de coronavírus, funcione como alavanca para a reeleição.
Para o bem ou para o mal, a condução da pandemia estará no centro do debate eleitoral, o que já pode ser percebido em diferentes cidades pela forma como os pré-candidatos criticam as ações dos prefeitos.